Depois de ter sido acusada de espionagem e passar 15 meses presa nos EUA, Maria Butina tem agora um lugar no Parlamento russo. Há quem diga que foi uma “prenda” de Putin.
Há três anos, Maria Butina foi condenada nos EUA por atuar como agente estrangeira não-registada, a tentar infiltrar-se em círculos políticos conservadores influentes, antes e depois das eleições de 2016.
A russa esteve 15 meses detida em prisões norte-americanas, incluindo quatros meses em prisão solitária.
Agora, com o apoio do partido de Vladimir Putin, Maria Butina chegou ao Parlamento russo, o Duma, em representação da região de Kirov, escreve o The New York Times.
Críticos alegam que a sua rápida ascensão política foi uma espécie de “presente” de Putin pelo seu trabalho nos Estados Unidos.
“Não é uma recompensa”, disse Maria Butina ao jornal norte-americano. “Eu não era uma espia. Eu não estava a trabalhar para o Governo. Eu era apenas uma civil”.
Apesar de agora negar as acusações, Butina declarou-se culpada de conspirar, a mando de um responsável russo, para “estabelecer linhas de comunicação não oficiais” com os republicanos de alto nível em nome do Governo de Putin.
Já na Rússia, Butina visitou a prisão em que Alexei Navalny está detido, elogiando a comida e o serviço médico da instalação. A opinião de Butina choca com as acusações feitas pelo ativista russo, que alega ter-lhe sido negada assistência médica.
Maria Pevchikh, líder da unidade de investigação da organização de Navalny, disse acreditar que o lugar de Butina no Parlamento foi um presente não pelas suas atividades nos Estados Unidos, mas pelo seu assédio a Navalny.
“No mínimo, foi uma recompensa pelo que ela fez ao visitar Navalny na prisão e aquele episódio de TV, que foi altamente constrangedor e nojento”, disse Pevchikh referindo-se a uma reportagem do canal estatal russo Rossiya-24. “Poucas pessoas concordariam em fazer isso. E ela fez”.
Agora, em entrevista ao The New York Times, Maria Butina diz que quer usar o seu lugar no Parlamento para melhorar as relações entre Washington e Moscovo, acreditando numa “amizade entre as duas nações”.