A quinta vaga de covid-19 e a chegada do Inverno podem complicar ainda mais os problemas do diagnóstico de pessoas com cancro. Uma situação que pode piorar a taxa de sobrevivência destes pacientes, segundo alerta a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia, Ana Raimundo.
“Há um diagnóstico em fases mais avançadas da doença e a possibilidade de cura reduz. Isso faz com que as probabilidades de sobrevivência também reduzam“, aponta Ana Raimundo em declarações à Rádio Renascença.
“Com a pandemia e os atrasos nos diagnósticos, as curvas de sobrevivência vão piorar. Neste momento, não se fazem tantos diagnósticos de cancro. Vão ser feitos só em doença mais avançada”, aponta a presidente da Sociedade Portuguesa de Oncologia (SPO).
Ana Raimundo refere que, a dada altura, durante a pandemia, os rastreios oncológicos “estiveram mesmo parados”, uma situação “bastante grave”. Mas, na verdade, os diagnósticos ainda não voltaram à “normalidade”.
“Neste momento, existem rastreios, como o do cancro da mama, que estão quase reestabelecidos, mas não a 100%. Há rastreios a outras doenças oncológicas que estão longe do que era ideal”, aponta Ana Raimundo.
A par disso, a presidente da SPO refere que “há um défice de recursos de humanos” e com o “novo aumento de casos” de covid-19, pode optar-se pelo “desvio desses recursos para um apoio” aos doentes com a infeção causada pelo coronavírus.
“É expectável que não se note de forma tão intensa, porque os serviços estão mais organizados, mas poderão vir a sentir-se efeitos, até porque também vamos entrar no Inverno e enfrentar outras doenças respiratórias“, destaca ainda Ana Raimundo.
Assim, esta responsável vaticina que a taxa de sobrevivência do cancro “pode vir a reduzir-se nos próximos três, quatro ou cinco anos“.