EUA emitem primeiro passaporte com “X” nas opções de género

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Com esta decisão, os EUA juntam-se a outros países como o Canadá, o Nepal ou a Austrália, que já incluem pessoas não-binárias nos documentos.

Os Estados Unidos anunciaram na quarta-feira que criaram o primeiro passaporte no país com “X” nas opções de género, para que as pessoas não-binárias ou intersexo também tenham escolha além de masculino e feminino, de acordo com o Departamento de Estado.

O Secretário de Estado Antony Blinken já tinha anunciado em Junho que a opção ia passar a ser dada em passaportes, mas que ainda demoraria algum tempo devido às mudanças necessárias no sistema informático.

Ned Price, o porta-voz do Departamento, também revelou num comunicado que todos aqueles que se candidatarem a receber passaportes vão agora ter a opção X disponível. As autoridades não divulgaram a identidade do primeiro galardoado que teve um passaporte identificado com o género “X” argumentando questões de privacidade, mas a organização de direitos civis Lambda Legal afirma que Dana Zzyym tinha sido a primeira pessoa a ter um documento com essa opção.

“Quase comecei a chorar quando abri o envelope, puxei o meu novo passaporte e vi o carimbo “X” debaixo de “sexo”, afirmou Zzyym, uma pessoa intersexo e não-binária que já integrou a marinha norte-americana, num comunicado. “Demorou seis anos, mas ter um passaporte verdadeiro, um que não me obriga a identificar como homem ou mulher mas que reconhece que não são nenhuma das duas opções, é libertador“, confessa.

Zzyym usa o pronome neutro “they” em inglês e nasceu com características sexuais ambíguas. A organização Lambda Legal revelou que Zzyym teve de passar por várias “cirurgias irreversíveis, dolorosas e medicamente desnecessárias” depois dos seus pais terem decidido educar a criança como um rapaz.

Depois de servir na marinha e estudar na Universidade estadual do Colorado, Zzyym, percebeu que tinha nascido intersexo. Já há vários anos que Dana Zzyym estava numa batalha judicial com o Departamento de Estado. Em 2015, não teve direito a um passaporte por não escolhido entre masculino e feminino, tendo antes escrito “intersexual” acima dos quadrados com as duas opções. Zzyym pediu depois numa carta que fosse acrescentada a designação “X”.

O pedido foi recusado pelo Departamento de Estado, o que levou a que Zzyym não pudesse viajar até ao México para assistir a uma reunião da Organização Intersexo Internacional.

“Quando nos é negado o acesso a ir a lugares, é como uma prisão. Gostaria muito de ir à Costa Rica pescar ou ao México… Isto é o tipo de coisa com que sonho“, revelou numa entrevista.

Os EUA seguem assim o exemplo dado no Canadá, na Alemanha, na Austrália, na Nova Zelândia, no Nepal ou na Índia, que já oferecem uma terceira escolha.

Adriana Peixoto, ZAP //

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