Um novo estudo mostra que violentos incêndios devastaram a Antártida há 75 milhões de anos, quando os dinossauros ainda andavam pela Terra.
No final do Cretáceo, um dos períodos mais quentes da Terra, a Ilha James Ross, na Antártida, era a casa de uma floresta temperada de coníferas, fetos, angiospermas e dinossauros. Mas nem tudo era cor-de-rosa. Vestígios de carvão agora analisados por cientistas mostram que vários incêndios ocorreram neste lugar, conta o site Live Science.
“Esta descoberta amplia o conhecimento sobre a ocorrência de incêndios florestais durante o Cretáceo, mostrando que tais episódios eram mais comuns do que se imaginava”, disse Flaviana Jorge de Lima, paleobióloga da Universidade Federal de Pernambuco e autora principal do estudo publicado, a 20 de outubro, na revista científica Polar Research.
A descoberta marca a primeira evidência de um “paleo-incêndio” na Ilha James Ross, uma parte da Península Antártica que agora se encontra abaixo da América do Sul. Mas também soma mais evidências de que os incêndios espontâneos eram comuns na Antártida durante o Campaniano.
Em 2014, recorda o mesmo site, um outro estudo publicado na revista Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology, já tinha documentado a primeira evidência de incêndios florestais da idade dos dinossauros na Antártida Ocidental.
Para esta nova investigação, a equipa de cientistas analisou fósseis recolhidos durante uma expedição à parte nordeste da Ilha James Ross, entre 2015 e 2016, que continham fragmentos de plantas que se pareciam com resíduos de carvão.
Os fragmentos de carvão eram pequenos (para se perceber, os maiores tinham um tamanho de 19 por 38 milímetros), mas as imagens feitas com recurso a um microscópio eletrónico de varrimento revelaram a sua identidade. Estes fósseis serão gimnospérmicas queimadas, provavelmente de uma família botânica de árvores coníferas chamada Araucariaceae, descobriram.
“A Antártida teve um intensa atividade vulcânica causada pela tectónica durante o Cretáceo, como sugerido pela presença de restos fósseis em estratos relacionados com a queda de cinzas. É plausível que a atividade vulcânica tenha gerado o ‘paleo-incêndio’ que criou o carvão aqui relatado”, escreveram os investigadores no seu estudo.