Cientistas reconstruiram a história evolutiva de um género de formigas para rastrear o aparecimento do chamado parasitismo social.
Todos sabemos que as formigas são dos seres vivos mais trabalhadores do reino animal, mas nem todas merecem este título, pois aproveitam-se do trabalho duro de outras – um fenómeno conhecido como parasitismo social.
Os cientistas já observaram esta estratégia entre insetos, peixes, pássaros e mamíferos, incluindo humanos, mas entre as formigas já evoluiu pelo menos 60 vezes, nas quais se incluem cerca de 400 espécies.
Agora, conta o site Science Alert, uma equipa de investigadores reconstruiu a história evolutiva do género de formigas Formica para tentar rastrear o aparecimento desta exploração social.
Estas formigas são as candidatas perfeitas para pesquisas como esta, uma vez que incluem as espécies mais parasitas sociais de qualquer género de formigas: cerca de metade de todas as espécies passam por isto.
Os cientistas mostraram que estas formigas desenvolveram três classes principais de parasitismo social, sendo uma delas o chamado “parasitismo social temporário”, que ocorre quando, de alguma forma, as rainhas perdem a capacidade de criar novas colónias. Isto significa que têm de invadir outro ninho, matar a rainha e criar a prole como se fosse sua para sobreviver.
De acordo com a nova linha do tempo das Formica, parasitas sociais temporários partilham um ancestral comum que viveu há cerca de 16 milhões de anos. Em comparação, o ancestral comum de todas as formigas vivas deste género surgiu há aproximadamente 26 milhões de anos, o que sugere que o parasitismo social temporário só evoluiu recentemente.
Além disso, demorou mais dois milhões de anos para que a segunda classe de parasitismo social se desenvolvesse: o “parasitismo social dulótico”. Este tipo começa da mesma forma que o anterior. Só que entretanto, quando a rainha já tem trabalhadores suficientes, o seu ‘exército’ invade outro ninho para fazer o mesmo. Os parasitas alimentam-se das crias roubadas ou criam-nas como se fossem suas.
Ao contrário do parasitismo social temporário, que parece ter evoluído várias vezes entre várias espécies Formica, o parasitismo social dulótico parece ter uma origem única, escreve o mesmo site.
A terceira e última classe, “parasitismo social permanente”, é extremamente rara e particularmente estranha porque tanto a rainha invasora como a rainha hospedeira vivem juntas sem nunca se incomodar uma à outra. A hospedeira continua a produzir a sua rede social de operárias, enquanto a parasita se concentra na reprodução.
De acordo com esta linha do tempo, parasitas sociais permanentes separaram-se dos parasitas sociais temporários há cerca de 12 milhões de anos. Ou seja, por outras palavras, são a classe mais jovem de parasitas sociais.
“Este foi um momento de clareza. Foi como se tivéssemos todas as peças do mosaico e colocássemos uma aqui, outra ali, e então há uma nova observação que adiciona outra peça. Mas, quando o colocamos no contexto de tempo evolutivo, de repente, podemos ver a imagem completa”, afirmou, em comunicado, Christian Rabeling, biólogo evolucionista da Universidade Estadual do Arizona e autor do estudo publicado, a 21 de setembro, na revista científica PNAS.