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Análise de ADN revela que japoneses modernos são descendentes de três povos diferentes

O território que hoje dá lugar ao Japão está ocupado desde o período do Paleolítico Superior. Até agora pensava-se que a ancestralidade genética japonesa era dupla, mas uma nova pesquisa vem trazer novos detalhes. 

Um novo estudo, publicado no jornal Science Advances, e realizado pelo Trinity College Dublin, mudou completamente esta narrativa, indicando que os japoneses modernos têm uma ancestralidade tripartida, ou seja, origens genéticas de três populações diferentes.

Segundo o Cienciaplus, doze genomas japoneses antigos foram recentemente sequenciados, confirmando que as populações atuais têm as assinaturas genéticas dos primeiros caçadores-coletores indígenas Jomon e dos agricultores imigrantes Yayoi, mas também adicionam um terceiro componente genético ligado aos povos Kofun – cuja cultura se espalhou por todo o Japão.

A teoria até agora conhecida sugeria que as populações japonesas derivavam da ancestralidade dupla dos caçadores-coletores indígenas Jomon, que habitaram o arquipélago japonês de há cerca de 16.000 a 3.000 anos, e posteriormente dos agricultores Yayoi, que migraram do continente asiático e que viveram no Japão por volta de 900 a.C até 300 d.C.

No entanto, os 12 genomas japoneses antigos recentemente sequenciados – retirados de ossos de pessoas que viveram nos períodos pré e pós-agrícolas – também identificam um influxo posterior de ancestrais do Leste Asiático durante o período imperial Kofun, que durou entre 300 e 700 d.C.

Os japoneses modernos, refere o estudo, possuem aproximadamente 13% a 16% de ancestralidade genética dos primeiros dois grupos, respetivamente. No entanto, 71% da sua ancestralidade provém desta terceira população antiga com origens do Leste Asiático.

“Estamos muito entusiasmados com as nossas descobertas sobre a estrutura tripartida das populações japonesas. Esta descoberta é significativa pois reescreve as origens do japonês moderno, aproveitando o poder da genética antiga”, referiu Shigeki Nakagome, professor de psiquiatria do Trinity College Dublin, School of Medicine, que liderou a pesquisa.

O especialista explica que agora é possível saber que “os ancestrais derivados de cada uma das fases agrária e de formação de estado contribuíram significativamente para a formação das populações japonesas de hoje”, cita a Reuters.

O período Kofun deve o seu nome aos grandes túmulos de barro construídos para membros da nova classe dominante numa época de importação de tecnologia e cultura da China através da península coreana.

“O arquipélago japonês é uma parte particularmente interessante do mundo para investigar, usando uma série de amostras antigas, devido à sua excecional pré-história longa seguida por rápidas transformações culturais. Os nossos insights sobre as origens complexas dos japoneses demonstram mais uma vez o poder da genética antiga para descobrir novas informações sobre a pré-história humana que não poderiam ser vistas de outra forma”, acrescenta Dan Bradley, professor de genética populacional no Trinity’s College of Genetics and Microbiology, que co-liderou o projeto.

ZAP //

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