Primeiro-ministro da Malásia renuncia após perder maioria no Parlamento

Government of Indonesia / Wikimedia

Muhyiddin Yassin, primeiro-ministro da Malásia

O Governo da Malásia apresentou a demissão ao rei, esta segunda-feira, abrindo um novo período de instabilidade política no país, a braços com um novo surto de covid-19.

O Governo apresentou a demissão ao rei. Obrigado pela oportunidade de, mais uma vez, servir a nação”, escreveu o ministro da Ciência, Khairy Jamaluddin, na sua conta de Instagram.

O primeiro-ministro malaio chegou ao poder em março de 2020, sem eleições, liderando um Governo de coligação, após a queda do Executivo de Mahathir Mohamad. Yassin tinha adiado as eleições por vários meses, ao impor o estado de emergência, devido à pandemia da covid-19.

O chefe do Executivo, de 74 anos, tentou novamente, na sexta-feira, manter-se no poder, pedindo o apoio dos políticos da oposição em troca da adoção de várias reformas.

Depois de não ter conquistado o apoio dos parlamentares, realizou hoje a sua última reunião com membros do Executivo, antes de se dirigir ao palácio para apresentar a sua demissão ao monarca malaio.

A demissão do primeiro-ministro, que tem de ser aceite pelo chefe de Estado, implica a dissolução automática do Governo e, se nenhum candidato conseguir obter uma maioria parlamentar, poderá levar a eleições antecipadas.

“Apresentei a minha renúncia como primeiro-ministro e também a de todo o Governo porque perdi o apoio da maioria dos membros da Câmara Baixa”, disse o primeiro-ministro demissionário numa declaração televisiva depois do seu encontro com o monarca, citado pela agência Associated Press.

Aproveito esta oportunidade para pedir perdão… por todos os meus erros e fraquezas durante a minha gestão enquanto primeiro-ministro. Eu e os meus colegas tentámos o nosso melhor para salvar e proteger vidas neste período de crise. No entanto, como ser humano, estamos destinados a cometer erros, por isso peço desculpa”, disse ainda.

Apesar de ter sido primeiro-ministro durante pouco mais de um ano, Muhyiddin demonstrou ser um verdadeiro sobrevivente e, em várias ocasiões, conseguiu manter-se no poder, face aos numerosos desafios da oposição.

No entanto, Muhyiddin não conseguiu evitar o último desafio, quando no final de julho o Parlamento realizou as primeiras sessões do ano, após o encerramento, devido à pandemia, e concordou em realizar uma moção de censura contra o seu Governo, em setembro.

Nas últimas semanas, o líder e os seus correligionários procuraram, sem sucesso, reunir o apoio de pelo menos 111 legisladores, o que lhes permitiria manter uma maioria simples no Parlamento.

Segundo os cálculos dos analistas políticos, o atual primeiro-ministro teria apenas o apoio de cerca de 100 deputados, não havendo até agora nenhum potencial sucessor com apoio maioritário.

A crise política da Malásia surge numa altura em que o país enfrenta a pior vaga de covid-19 desde o início da pandemia, tendo chegado a ultrapassar os 21.500 casos diários e 350 mortes por dia.

A 29 de julho, o rei Abdullah desautorizou publicamente o Governo, mantendo o decreto de emergência contra a pandemia, que Muhyiddin deveria levantar a partir de 1 de agosto.

Com uma população de 32 milhões, a Malásia diagnosticou mais de 1,4 milhões de pessoas infetadas pela covid-19 desde o início da pandemia e 12.510 mortes.

ZAP // Lusa

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