Uma equipa de cientistas foi capaz de observar, pela primeira vez, a parte interna das plantas a trabalhar enquanto estas “bebiam” água em tempo real.
“Para observar a absorção de água das plantas, sem as danificar, aplicámos uma técnica de microscopia óptica sensível, baseada em laser, para ver o movimento da água dentro das raízes de forma não invasiva, algo que nunca tinha sido feito”, explicou Kevin Webb, eletrofisiologista da Universidade de Nottingham, citado pelo site Phys.org.
“Desenvolvemos uma forma que nos permite ver esse processo ao nível das células individuais. Não só podemos ver a água a subir pela raiz, como também onde e como é que esta se desloca”, disse ainda.
As medições do transporte de água foram realizadas nas raízes da Arabidopsis thaliana, uma “planta modelo” para os cientistas, pois pode ser facilmente geneticamente modificada para interferir em processos básicos como a captação de água.
Utilizando um laser suave, a nova técnica de imagem – baseada na espectroscopia Raman, do físico indiano que ganhou o Nobel de Física em 1930 – permitiu aos investigadores medir a água a deslocar-se através do sistema radicular da A. thaliana a um nível celular e, consequentemente, conduzir um modelo matemático para explicar e quantificar isso.
Para esta experiência, a equipa usou água “pesada”, também chamada de água deuterada, isto é, óxido de deutério (D2O), que contém um neutrão extra no núcleo de cada átomo de hidrogénio. Ao passar um laser ao longo da raiz enquanto a planta bebia, foi possível ver esta água a passar pela ponta da raiz.
Na Arabidopsis que tinha sido geneticamente modificada para comprometer a sua absorção de água, as medições, combinadas com o modelo matemático, revelaram uma importante barreira de água dentro da raiz. Segundo o mesmo site, isto confirmou, pela primeira vez, que a captação de água é restrita dentro dos tecidos centrais da raiz, dentro dos quais os vasos de água estão localizados.
“Esta técnica inovadora é decisiva na ciência das plantas, pois permite que os investigadores visualizem o movimento da água numa célula e numa segunda escala dentro de tecidos vegetais vivos”, considerou Malcolm Bennett, professor de Ciências das Plantas na mesma universidade.
“Isto promete ajudar-nos a responder a questões importantes, por exemplo, como é que as plantas ‘sentem’ a disponibilidade de água? As respostas a esta pergunta são vitais para chegar a colheitas futuras mais bem adaptadas aos desafios que enfrentamos com as alterações climáticas“, disse ainda o co-autor do estudo publicado, a 3 de agosto, na revista científica Nature Communications.