Um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais denunciou que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos em todo o mundo terão sido espiados graças a um software desenvolvido pela empresa israelita NSO Group. “Se for verdade, é totalmente inaceitável”, reagiu Ursula von der Leyen.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse esta segunda-feira que o caso de espionagem a jornalistas, ativistas e dissidentes políticos, denunciado no domingo, é “totalmente inaceitável”.
“Temos de confirmar. Mas se for verdade, é totalmente inaceitável“, disse von der Leyen, comentando as denúncias de espionagem em massa perante jornalistas, em Praga, salientando que “a liberdade de imprensa é um valor central da União Europeia”.
Um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais denunciou no domingo que jornalistas, ativistas e dissidentes políticos em todo o mundo terão sido espiados graças ao software desenvolvido pela empresa israelita NSO Group.
A empresa, fundada em 2011 a norte de Telavive, comercializa o spyware Pegasus, que, inserido num smartphone, permite aceder a mensagens, fotos, contactos e até ouvir as chamadas do proprietário.
A investigação publicada no domingo por um consórcio de 17 órgãos de comunicação internacionais, incluindo o jornal francês Le Monde, o britânico The Guardian e o norte-americano The Washington Post, baseia-se numa lista obtida pelas organizações Forbidden Stories e Amnistia Internacional, que incluem 50.000 números de telefone selecionados pelos clientes da NSO desde 2016 para potencial vigilância.
A lista inclui os números de telefone de pelo menos 180 jornalistas, 600 políticos, 85 ativistas de direitos humanos e 65 líderes empresariais, de acordo com a análise realizada pelo consórcio, que localizou muitos em Marrocos, Arábia Saudita e México.
Também um alto funcionário norte-americano anunciou que Washington e os seus aliados irão denunciar as atividades cibernéticas “maliciosas”, atribuindo-as à China, que acusarão de realizar operações de extorsão contra as suas empresas, mas também de ameaça à segurança.
“Um grupo sem precedentes de aliados e parceiros, incluindo a União Europeia, Reino Unido, Austrália, Canadá, Nova Zelândia e NATO irão juntar-se aos Estados Unidos para expor as atividades cibernéticas maliciosas do Ministério da Segurança da China”, disse a mesma fonte, que pediu para não ser identificada.
O Governo francês também anunciou que vai pedir uma investigação às suspeitas de espionagem. “São factos extremamente chocantes e, se forem verdade, são extremamente graves”, disse hoje Gabriel Attal, porta-voz do Governo francês.
Na Hungria, os deputados da oposição também exigiram um inquérito sobre as denúncias, alegando suspeitas de que o Governo húngaro terá usado o software para espiar jornalistas críticos do regime, bem como políticos e empresários.
// Lusa