Há alguns anos, dietas como o jejum intermitente tornaram-se muito populares. No entanto, há novas evidências no que toca à comparação da eficácia com o jejum tradicional.
Um novo estudo realizado há dois meses por uma equipa de psicólogos da University of Bath apoia estas evidências. O artigo conclui que o jejum intermitente, conhecido como a dieta 5:2, pode afinal surtir menos efeito do que se pensava.
Segundo o Tech Explorist, o estudo tinha como objetivo entender como funciona o jejum intermitente e se este origina alguma perda de peso específica, ou se melhora o metabolismo, para o que comparou voluntários em jejum com um grupo que consumia a mesma quantidade de calorias.
“Várias pessoas acreditam que as dietas baseadas em jejum são eficazes especialmente para a perda de peso, ou que essas dietas contêm benefícios relativamente à saúde do metabolismo, mesmo que não tenham perdido peso”, explica James Betts, diretor do Centro de Nutrição, Exercício e Metabolismo da University of Bath, que liderou a pesquisa.
O estudo controlou a perda de peso obtida por 36 participantes aleatórios, entre os quais alguns seguiram jejum intermitente e outros mantiveram uma dieta tradicional – consumindo basicamente as mesmas calorias.
Os participantes foram colocados em três grupos, sendo que cada um dos grupos alterou as dietas e as calorias consumidas.
Os participantes do grupo 1 ingeriram mais 50% do que fariam num dia normal e jejuaram em dias alternados; o grupo 2 reduziu as calorias de todas as refeições em 25%; o grupo 3 jejuou em dias alternados – tal como o grupo 1 – mas no dia seguinte ao jejum os voluntários comeram 100% mais do que era habitual.
Os indivíduos de cada grupo tinham uma dieta normal, com cerca de 2000-2500 kcal nos dias antes do início do estudo. No entanto, durante a terceira semana do período em que foram acompanhados, os grupos 1 e 2 tiveram a energia restringida, e reduziram a ingestão de calorias para 1500-2000 kcal.
Além disso, e apesar de dois dos grupos terem diminuído o consumo de calorias da mesma maneira, na dieta do grupo 3 os voluntários jejuaram sem diminuir as calorias em geral.
Os cientistas concluíram que o segundo grupo perdeu 1.9kg em apenas três semanas, devido à redução do conteúdo de gordura corporal. Em comparação, o grupo 1 jejuou em dias alternados e ingeriu mais 50% em dias em que não estavam a jejuar, e confirmando-se que perderam quase a mesma quantidade de peso do grupo 2 (1.6 kg).
No entanto, apenas metade desta perda de peso foi obtida através da redução de gordura corporal — a perda restante foi obtida na massa muscular.
O grupo 3, que jejuou mas aumentou a ingestão de energia em 100% nos dias em que não estava em jejum, não precisou de utilizar as reservas de gordura do corpo para obter energia, e nesse caso, a perda de peso foi insignificante.
O New Atlas avançou que, tal como acontece com todos os estudos deste tipo, há limites na amplitude da interpretação dos resultados. O estudo analisou indivíduos magros e saudáveis, pelo que não é claro se indivíduos obesos registariam resultados melhores se estivessem em jejum.
“Fazer jejum intermitente para perder peso não é um truque de magia e as conclusões do nosso estudo concluíram que não há nada de especial relativamente ao jejum, quando comparado com dietas básicas e tradicionais”, afirma James Betts.
Os estudos sobre o jejum intermitente ainda são inconclusivos, uma vez que os resultados são diferentes para cada estudo. A única solução é cada pessoa descobrir qual é a dieta que funciona para si.