O Serviço Prisional Federal da Rússia (FSIN) revelou na quinta-feira que enviaria reclusos para construir uma nova seção da linha principal Baikal-Amur (BAM), na Sibéria, uma ferrovia parcialmente construída por prisioneiros do Gulag.
Segundo relatou esta sexta-feira o Moscow Times, devido à escassez de mão de obra, funcionários do governo russo têm debatido sobre o envio de reclusos para grandes projetos de construção.
Os responsáveis insistem, contudo, que não há planos para reviver a prática do Gulag – sistema de campos de trabalhos forçados para criminosos, presos políticos e qualquer cidadão que se opusesse ao regime na União Soviética -, da era de Josef Estaline.
A linha BAM estende-se por mais de 4.000 quilómetros, indo do Lago Baikal, no leste da Sibéria, até o Mar do Japão, no Extremo Oriente. Concebida na década de 1930, foi um dos maiores projetos da União Soviética. O novo trecho da ferrovia terá 340 quilómetros de extensão, com as obras a começar na primavera.
“Um acordo foi assinado com a intenção de usar mão de obra de reclusos e criar um local que funcione como presídio”, disse à agência RIA Novosti um porta-voz do FSIN.
Alexander Tchernoyarov, que lidera uma das principais empresas envolvidas no projeto, apontou para uma “grave escassez de mão de obra”, com muitos trabalhadores migrantes impossibilitados de entrar na Rússia devido à pandemia.
Em abril, o exército russo disse que contribuiria para a modernização da linha, mas que era necessária mais mão de obra.
“Não será um Gulag”, afirmou em maio o chefe do FSIN, Alexander Kalashnikov, acrescentando que os trabalhadores teriam acesso a “condições decentes” e receberiam um ordenado.
Em março, o FSIN avançou que estava a podnerar a possibilidade de mobilizar reclusos para limpar a poluição no Ártico.