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Os peixes-elefante também fazem pausas antes de partilhar algo importante

(dr) Tsunehiko Kohashi

Cientistas descobriram que os peixes-elefante também fazem pausas quando querem passar uma informação importante a quem os está a ouvir.

Por vezes, fazer uma pausa antes de dizer alguma coisa importante pode ser uma boa estratégia para os nossos interlocutores nos ouvirem com atenção. E, pelos vistos, não somos os únicos a fazê-lo.

Sapos e pássaros também já foram observados a fazer pausas propositadas quando comunicam e, de acordo com o site Science Alert, o caso mais recente diz respeito ao chamado peixe-elefante (Mormyridae).

Esta família de peixes de água doce comunica através de pulsos fracos de eletricidade, mas uma nova investigação descobriu que a informação que passam uns aos outros também é marcada por pausas em determinados momentos.

Quando colocados em pares, os peixes-elefante, mais concretamente da espécie Brienomyrus brachyistius, geram ativamente pausas nos seus sinais elétricos, antes de enviarem uma explosão de pulsos elétricos. Quando estão isolados, fazem-no com muito menos frequência, o que sugere que é mesmo uma característica da sua comunicação.

“A nossa descoberta de que a explosão de pulsos elétricos tende a ocorrer imediatamente depois das pausas é semelhante ao comportamento dos humanos, que costumam fazer pausas antes de palavras com alto conteúdo de informação”, escreveram os autores do estudo publicado, a 26 de maio, na revista científica Current Biology.

“Curiosamente, as escalas de tempo relevantes para as pausas no discurso humano são aproximadamente semelhantes às da comunicação elétrica dos Mormyridae, ocorrendo na faixa das centenas de milissegundos a segundos”, nota ainda a equipa.

Esta situação sugere que está a ocorrer um processo celular semelhante no nosso cérebro e no cérebro destes peixes. E os cientistas pensam saber qual é.

Tal como explica o mesmo site, quando os recetores no cérebro são estimulados de forma contínua, as sinapses são conhecidas por enfraquecer com o tempo, diminuindo a atividade dos circuitos sensoriais no geral. Isto é conhecido como depressão sináptica e é o que permite ao cérebro animal aprender quais são os sinais mais importantes e, portanto, os que precisam de mais atenção.

Quando os investigadores estimularam artificialmente o mesencéfalo destes peixes elétricos com um sinal constante, notaram que os seus circuitos sensoriais produziam respostas cada vez mais fracas ao “ruído” contínuo.

Uma pausa, por outro lado, deu a esses neurónios um intervalo, “maximizando, assim, o impacto das entradas sensoriais” quando a comunicação foi retomada.

“As pausas parecem tornar a mensagem seguinte o mais clara possível para o ouvinte”, explica o neurobiólogo Tsunehiko Kohashi, da Universidade Washington, em St. Louis, e um dos autores do estudo.

ZAP //

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