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Cientistas criam primeiro órgão artificial completo dentro de um animal

theglobalpanorama / Flickr

O timo ( glândula linfática localizada junto ao coração) de rato foi gerado artificialmente dentro de uma cobaia.

O timo ( glândula linfática localizada junto ao coração) de rato foi gerado artificialmente dentro de uma cobaia.

Uma equipa de cientistas escoceses criou, pela primeira vez na história da medicina regenerativa, um órgão artificial completo a partir do zero, dentro de um animal.

Um timo de rato – uma parte importante do sistema imunológico do animal – foi gerado artificialmente, dentro de uma cobaia.

O experiência, publicada na Nature Cell Biology, pode ajudar a abrir caminho para alternativas ao transplante de órgãos.

Os cientistas afirmam que o resultado obtido foi promissor, mas ainda não há data para o início de experiências em humanos.

A experiência

O timo é uma glândula linfática localizada junto ao coração, onde crescem importantes componentes do sistema imunológico, os chamados linfócitos T, que combatem as infecções.

RachelHermosillo / Flickr

O timo é uma glândula linfática localizada junto ao coração, onde crescem os linfócitos T, que combatem as infecções.

O timo é uma glândula linfática localizada junto ao coração, onde crescem os linfócitos T, que combatem as infecções.

Para conduzir a investigação, cientistas da Universidade de Edimburgo colheram células de um embrião de um rato.

Essas células foram geneticamente “reprogramadas” e começaram a transformar-se num tipo de célula presente no timo.

Os cientistas misturaram então essas células com outras e inseriram-nas dentro de um outro rato.

Uma vez dentro da cobaia, esse grupo de células desenvolveu-se e formou um timo totalmente funcional.

O resultado é similar ao obtido o ano passado, quando cérebros criados em laboratório atingiram o mesmo nível de desenvolvimento do que um feto de nove semanas.

O timo é um órgão relativamente simples e, nas experiências conduzidas pelos cientistas, manteve todas as suas funcionalidades normais.

Estruturalmente, o órgão continha duas grandes regiões – o córtex e medula – e também produzia linfócitos T.

Emocionante

A investigadora Clare Blackburn, que fez parte do grupo de pesquisa, conta que o momento em que a equipa percebeu o que tinha descoberto foi “tremendamente emocionante”.

“Ficamos todos surpreendido por conseguir gerar um órgão 100% funcional, começando com células reprogramadas de uma maneira tão simples”, diz Blackburn à BBC.

d.r. EuroStemCell.org

Clare Blackburn, investigadora da Universidade de Edimburgo

Clare Blackburn, investigadora da Universidade de Edimburgo

“Foi um avanço muito importante. A nossa descoberta também é bastante estimulante em termos de pesquisa relacionada com a medicina regenerativa.”

Segundo os cientistas, a descoberta poderia ajudar pacientes que precisam de um transplante de medula óssea ou recém-nascidos com problemas no timo.

Também os idosos podem vir a beneficiar desta investigação. Com o avanço da idade, o timo diminui de tamanho, o que reduz a capacidade do sistema imunológico e, consequentemente, aumenta a vulnerabilidade do indivíduo a doenças.

No entanto, os cientistas dizem que ainda há obstáculos a transpor antes que a pesquisa possa ser feita em humanos.

A técnica actual usa embriões. Isso significa desenvolver um timo que talvez seja incompatível com os tecidos do paciente.

Os investigadores também precisariam de ter a certeza de que as células transplantadas não cresceriam descontroladamente, evoluindo para um cancro.

BruceBlaus / Wikimedia

O timo produz os famosos linfócitos, ou células-T

O timo produz os famosos linfócitos, ou células-T

Robin Lovell-Badge, do Instituto Nacional para a Pesquisa Médica, no Reino Unido, classificou o estudo como “excelente”.

“Esta é uma conquista importante tanto por demonstrar como fazer um órgão, mesmo que simples, a partir do zero, quanto pelo papel fundamental do timo no desenvolvimento do sistema imunológico.”

Paolo de Coppi, um dos pioneiros nas terapias regenerativas no Great Ormond Street Hospital, afirmou: “Pesquisas como essas demonstram que a engenharia de órgãos pode, no futuro, substituir os transplantes”.

ZAP / BBC

 

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