/

Novo estudo defende que os peixes podem sentir dor

3

As partes do cérebro humano que processam o desconforto da dor não têm um equivalente no cérebro dos peixes. Então, isto significa que esses animais não são capazes de a sentir? Não necessariamente, de acordo com um novo estudo.

Segundo o site Science Alert, este é um debate com uma longa história e que não mostra sinais de ter um fim tão cedo. O novo artigo científico aponta para a investigação da neurociência moderna, lembrando que o efeito e a consciência da dor ainda podem estar presentes nos humanos, mesmo quando as regiões que processam a dor no cérebro estão com problemas.

Por outras palavras, os investigadores pretendem mostrar que, se o cérebro humano pode adaptar-se para passar sem uma parte da cadeia de dor neural, talvez os peixes também não precisem de todos os elos.

“Embora o nosso estudo não possa provar que os peixes sentem dor, podemos afirmar que os argumentos baseados na falta de certas estruturas cerebrais para negar a dor nestes animais parecem ser cada vez mais insustentáveis”, disse Kenneth Williford, professor de Filosofia da Universidade do Texas, em Arlington, e um dos autores do estudo publicado, a 22 de abril, na revista científica Philosophical Psychology.

Pondo noutra perspetiva: a equipa considera que alegar que os peixes não sentem dor devido à ausência de certas regiões no cérebro é como concluir que não podem nadar porque não têm braços nem pernas como nós.

Segundo o mesmo site, os investigadores recorreram a vários casos de lesões cerebrais para fortalecer o seu argumento, incluindo o de um paciente chamado Roger. Neste caso, embora uma parte essencial do seu cérebro que processava a dor tivesse sido destruída por uma doença, o paciente era ainda mais sensível à dor do que uma pessoa normal.

Este tipo de “resiliência neural” – a capacidade do cérebro humano de se reconectar para garantir que funções chave continuam a funcionar – é importante, dizem os cientistas.

Se o mesmo pode ser dito sobre os peixes continua a ser uma questão sem resposta. Estes animais não podem usar a linguagem para nos dizer se estão em sofrimento, e também não revelam muito nas suas expressões. No entanto, têm muitos dos sistemas necessários em funcionamento, incluindo recetores de dor.

O argumento destes cientistas é contra o chamado Neocartesianismo, uma escola de pensamento que defende que qualquer sofrimento que possamos ver num animal é apenas aparente e não pode ser conectado com angústia mental, pelo menos não no sentido humano.

Assim que começamos a ir mais fundo nesta questão, o debate sobre a experiência da dor em animais acaba por abranger os campos da filosofia e da ciência. Mas, por enquanto, parece não haver evidências científicas suficientes para fazer afirmações concretas, de um lado ou do outro.

ZAP //

3 Comments

  1. Leio a noticia e não consigo deixar de pensar nos peixes limpos das entranhas quando ainda vivos, lagostas abertas a meio, quando ainda vivas e o inacreditavelmente cruel ato (oriental) de fritar e consumir peixe ainda vivo.

    Não é necessário ir ao baú da Filosofia para perceber que há coisas que são, pura e simplesmente, erradas!!

  2. Nem ao baú da filosofia nem da ciência. Ora se metermos um peixe em cima de uma coisa quente, ele não começa logo aos saltos? Se é preciso o cérebro ser igual ao nosso para achar que um peixe sente dor, então começo a achar que o cérebro dos peixes é mais complexo que o de muitos cientistas.

  3. Parabéns aos iluminados que precisaram de um “estudo” para chegar a uma conclusão que até uma criança de dois anos consegue tirar. Afinal, os peixes são sencientes! Quem diria uma coisa dessas! Nem são seres VIVOS nem nada… (e sim, plantas são seres vivos, mas não possuem sistema nervoso central para sentirem dor). Tamanha descoberta seria merecedora de um Nobel. Somos um verdadeiro desastre enquanto espécie neste planeta e caminhamos para a autodestruição. É merecida, é justa, é inevitável. Tudo o que nos aconteceu e acontecerá de mau no futuro é mais do que merecido.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.