Uma dose baixa de um medicamento chamado naltrexona é uma boa opção para pacientes com dor orofacial e crónica, sem risco de dependência.
Naltrexona é um fármaco sintético da oximorfona, utilizado pela medicina como antagonista opióide, em dependência de alcoolismo, e em uso off label (que não segue as indicações homologadas para aquele fármaco) no transtorno de compulsão alimentar.
As pessoas têm também usado naltrexona em baixas doses off label para tratar a dor crónica, mas esta é a primeira revisão sistemática e aprofundada para determinar se o medicamento realmente oferece uma boa opção para os pacientes e merece um estudo mais formal.
Segundo um estudo epidemiológico realizado em Portugal, citado pela CUF, 36,7% da população – ou seja, mais de 3 milhões de portugueses – sofrem de dor crónica. As causas de dor crónica são variadas e incluem patologias oncológicas, doenças musculoesqueléticas, persistência de dor após uma cirurgia e lesões de nervos, entre outras razões.
“Encontramos uma redução na intensidade da dor e melhoria na qualidade de vida, e uma redução no uso de opióides para pacientes com dor crónica”, disse, em declarações ao Futurity, Elizabeth Hatfield, que espera iniciar um ensaio clínico de naltrexona em baixa dosagem.
Doses baixas de naltrexona (0,1-4,5 mg) atuam numa via celular única no sistema nervoso, através da qual proporciona um alívio da dor crónica sem opióides. Os resultados do estudo foram publicados, em dezembro, no Journal of the American Dental Association.
“Normalmente, a dor crónica leva o corpo a passar por um processo de sensibilização, enquanto o sistema nervoso torna-se mais sensível, e isso pode acontecer até mesmo a estímulos não dolorosos”, diz Hatfield. “Gosto de explicar aos alunos ou pacientes que é como um escaldão nos deixa, quando coisas que normalmente parecem OK nos magoam, como um banho quente ou um lençol a tocar na pele”.
O tratamento tradicional da dor tem-se concentrado no tratamento da lesão ou local do trauma, mas a naltrexona em baixas doses atua no sistema nervoso hiperativo.