A GoalPoint olhou para o número de passes permitidos por ação defensiva realizada (PPDA, na sigla em inglês). O SL Benfica é o rei da pressão da Liga NOS até à data.
O adepto de hoje em dia já não conhece o futebol sem pressão defensiva, um pouco à imagem das equipas de Jürgen Klopp. Desde que o alemão viralizou a sua abordagem sufocante que muitas equipas têm tentado emular este sistema, que tanto popularizou o carismático treinador.
Há menos de um ano a GoalPoint partilhava um artigo que distinguia o FC Porto de Sérgio Conceição como o líder da pressão nas principais Ligas europeias. A métrica usada para essa distinção foi o PPDA (passes per defensive action, ou passes permitidos por ação defensiva realizada).
Por outras palavras, este indicador media o número de passes certos permitidos ao adversário até à realização de uma ação defensiva (desarme, interceção, passe bloqueado ou alívio). É, por isso, uma métrica em que quanto menor o seu valor, melhor a qualidade da pressão.
Se olharmos exclusivamente para os mapas de pressão por clube, será complicado tirar conclusões sobre as abordagens defensivas das equipas, mas dá-nos uma ideia daquelas que menos se contentam quando o adversário tem a posse de bola.
Contudo, a pressão é simplesmente uma de muitas características que potenciam o sucesso de um modelo de jogo, talvez justificando o facto de não haver uma relação aparente entre o valor do PPDA e a classificação na tabela (especialmente se excluirmos o Benfica, o Porto, o Sporting e o Braga). Assim, decidimos evidenciar algumas equipas da Liga NOS que se destacam neste indicador:
O Famalicão de João Pedro Sousa iniciou a época 2020/21 com 17 caras novas na equipa principal, e apesar do sucesso na última temporada (6º lugar), as coisas não têm corrido tão bem na atual. É a pior defesa do campeonato (25 golos sofridos) e ainda não encontrou um “onze”-base que dê garantias. Registou uma redução acentuada na qualidade de pressão no terço central do terreno, o que pode ser consequência de um jogo mais aberto e anárquico dos famalicenses.
Já o Portimonense destaca-se pela intensidade que apresenta, de forma generalizada. A equipa de Paulo Sérgio, que permaneceu no principal escalão do futebol português, é uma das equipas que mais sufoca os adversários quando têm a bola. Em sete das nove zonas do campo, os algarvios estão muito acima da média da Liga NOS, valores “às cavalitas” de Dener e Willyan Rocha, que têm 8,1 e 10,5 ações defensivas por jogo, respetivamente.
De Portimão ao Porto, onde os “dragões”, alimentados pela filosofia de Sérgio Conceição, mantêm a tendência positiva da época passada com um PPDA de 5,85 (2º na liga). É de realçar, também, o facto de mais de metade das ações defensivas do Porto (53%) serem no terço mais avançado do terreno, sendo que os “azuis-e-brancos” já viram Matheus Uribe bater o recorde de ações defensivas no meio-campo adversário da época 2020/21 (10 vs Moreirense).
Já o Benfica tem o melhor PPDA (5,27), e a principal evolução face à época passada encontra-se nas alas. Tal é por demais evidente quando se avalia a diferença em acções defensivas de Rafa. Em 2019/20, o internacional português tinha 0,8 acções no último terço, um valor muito abaixo daquele que regista na época actual. Não só tem 1,7 acções defensivas nessa zona do campo, como lidera este indicador entre todos os jogadores da Liga NOS em 20/21.
No Sporting é de realçar o efeito que João Palhinha tem tido nos “leões”. É certamente um dos responsáveis por tornar o Sporting numa das equipas que melhor pressiona na zona central do terreno, lidera inclusivamente em duas das três zonas do terço central na Liga NOS (do lado direito e na zona central).
Esta influência de Palhinha nos valores do PPDA é sustentada ainda pela redução da qualidade de pressão registada no Braga nas mesmas zonas (aumentando em 4,9 passes por ação defensiva). Além disto, o português é o jogador com a melhor média de ações defensivas no meio-campo adversário na Liga NOS, e 51% de todas as ações defensivas que faz surgiram do lado direito do terreno, contribuindo bastante para dar maior cobertura ao muito ofensivo Pedro Porro.
Não sendo um indicador de qualidade futebolística e assumindo que é necessário complementar os valores de PPDA com uma vertente qualitativa – como foi o caso nesta análise –, ficam evidentes algumas das tendências de pressão que a Liga NOS nos trouxe até agora. Resta descobrirmos juntos, jornada a jornada, como evoluem, até ao fecho da “corrida”.
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