Ryan Mason retirou-se do futebol após uma grave lesão na cabeça durante uma partida. O jogador recorda o momento em que aconteceu e como foi perceber que não voltaria a pisar os relvados.
Decorria o minuto 13 do jogo entre Chelsea e Hull City quando, na sequência de um canto, Gary Cahill e Ryan Mason chocam cabeças nas alturas. Os dois caem em dor, mas um deles sofreu mais as consequências do embate. O jovem, que era treinado na altura pelo português Marco Silva, não conseguiu recuperar e teve mesmo de sair de maca do campo.
O jogador foi encaminhado de imediato para o hospital e foi submetido a uma intervenção cirúrgica depois dos exames terem detetado uma fratura craniana e um derrame cerebral. Num texto publicado pela revista FourFourTwo, o inglês relembra, em primeira pessoa, o incidente.
“Eles ganharam um canto. A bola chegou, eu saltei para afastá-la e, de repente, senti uma força a quebrar o meu crânio. Foi a pior dor imaginável”, recorda o ex-futebolista, agora com 29 anos.
“As pessoas presumem que não me lembro, mas eu lembro-me. Lembro-me do médico a correr, da dor imensa, de passar por todas as típicas verificações após qualquer lesão na cabeça. O teu corpo entra num estado natural de pânico e autopreservação quando te magoas gravemente – ele sabe quando há algo de muito errado. A dor era insuportável; foi como uma bomba a explodir na minha cabeça, em cheio na têmpora”, acrescenta.
O antigo jogador do Tottenham cumpria a sua primeira época ao serviço do Hull, tendo marcado até à altura dois golos em 20 jogos. Mason procurava recuperar a forma que o tinha levado à Seleção inglesa, onde somou uma única internacionalização.
Apenas uma hora depois de se ter lesionado, Mason já estava a ser operado no hospital. Quando acordou da cirurgia, lembra-se que o mínimo barulho era intolerável.
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“Estava tudo um bocado desfocado. Lembro-me de sentir muita dor. Havia tanto barulho que eles tiveram de me mudar para uma sala privada – eu não aguentava. Tive que ficar em completo silêncio porque qualquer pequeno barulho era demasiado. Até enfermeiras a sussurrar nos corredores pareciam gritar diretamente no meu ouvido”, escreve Mason.
Só seis meses depois da operação é que os médicos decidiram contar-lhe ao certo a sua situação. “Não me queriam sobrecarregar”, explica o inglês.
“No total, tenho 14 placas de metal no meu crânio, com 28 parafusos a segurá-las no lugar. Tinha ainda 45 agrafos e uma cicatriz de 15 centímetros na minha cabeça. Tirar os agrafos definitivamente não foi agradável”, salienta Mason.
No final de maio, quase cinco meses depois, pensou em voltar aos relvados. Passou duas semanas em Portugal, em junho, e trabalhou com dois fisioterapeutas do Hull. “Aquela pausa realmente deu-me a convicção de que eu poderia voltar”, relembra.
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Mais tarde, quando fez um TAC, os neurocirurgiões explicaram os riscos que envolvia o seu regresso aos relvados. Os especialistas explicaram que num curto espaço de tempo, conforme voltasse a cabecear bolas de futebol, poderia ganhar demência ou epilepsia. Foi então que Ryan Mason percebeu que não voltaria aos relvados.
“O futebol é algo que ainda adoro e, felizmente, estou em forma para dar um pontapé ou outro. Infelizmente, não era seguro voltar a jogar profissionalmente. Definitivamente acho que teria conquistado muito – certamente acho que teria conquistado mais internacionalizações pela Inglaterra”, lamenta.