Um réptil marinho, datado de 150 milhões de anos atrás, foi recentemente identificado como uma nova espécie. O espécime bem preservado foi encontrado num depósito marinho profundo do Jurássico Superior ao longo da costa do Canal da Mancha em Dorset, na Inglaterra.
Uma equipa de cientistas descobriu uma nova espécie de ictiossauro depois de ter analisado um misterioso fóssil encontrado na costa de Dorset, na Inglaterra. O artigo científico com os resultados foi publicado no dia 9 de dezembro na PLOS ONE.
Batizado de Thalassodraco etchesi – que pode ser traduzido para “dragão marinho de Etches” -, o réptil marinho é uma espécie de mistura entre um golfinho e um tubarão. Os cientistas estimam que o animal viveu há cerca de 150 milhões de anos e que era capaz de capturar lulas e outras presas que se escondiam a grandes profundidades do mar.
De acordo com o Science Tech Daily, o espécime estudado, que deveria ter cerca de 1,80 metros de comprimento há milhões de anos, foi encontrado pelo colecionador de fósseis Steve Etches, em 2009. O britânico encontrou-o preso numa rocha que, na altura, devia estar submersa a cerca de 91 metros de profundidade.
Desde então, o fóssil está em exibição no Museu de Vida Marinha Jurássica em Dorset, na Inglaterra. Segundo a paleontóloga Megan L. Jacobs, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, o ictiossauro tem características que o tornam suficientemente único para ter o seu próprio género e espécie.
“Os novos ictiossauros do Jurássico Superior, no Reino Unido, são extremamente raros. Soubemos quase instantaneamente que se tratava de uma nova espécie, mas demorou cerca de um ano para fazer todas as comparações com os outros ictiossauros do Jurássico Superior e ter a certeza de que os nossos instintos estavam corretos”, afirmou, em comunicado.
“Foi muito emocionante não ser capaz de encontrar uma correspondência”, acrescentou.
A especialista referiu que Thalassodraco etchesi era capaz de fazer mergulhos tão profundos quanto os dos cachalotes. “A caixa torácica extremamente profunda pode ter permitido [o desenvolvimento de] pulmões maiores, para prender a respiração durante longos períodos de tempo. Ou pode significar que os órgãos internos não eram esmagados com a pressão [no mar]”, observou.
O espécime também tinha olhos grandes, o que pode indicar que este animal caçava as suas prendas no fundo do oceano ou que tinha hábitos noturnos. Os dentes também eram peculiares: “Todos os outros ictiossauros têm dentes maiores com serras estriadas proeminentes. Soubemos de imediato que este animal era diferente”, apontou Jacobs.
O co-autor do estudo e professor de paleontologia da Universidade de Portsmouth, David Martill, indicou que serão necessários mais estudos para investigar a fundo a biologia do espécime.