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Primeira árvore genealógica da Via Láctea revela 20 canibalizações

Recorrendo a redes neuronais artificiais, uma equipa internacional de astrofísicos construiu a primeira árvore genealógica da Via Láctea e descobriu que a nossa galáxia canibalizou pelo menos 20 outras galáxias.

Para chegar ao primeiro “retrato de família” da Via Láctea, a equipa analisou as propriedades dos aglomerados globulares que orbitam a nossa galáxia recorrendo a simulações computorizadas de Inteligência Artificial.

Segundo a investigação, cujos resultados foram recentemente publicados na revista científica especializada Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, a Via Láctea canibalizou cerca de cinco galáxias com mais de 100 milhões de estrelas e cerca de quinze com pelo menos 10 milhões de estrelas.

As “galáxias progenitoras” mais massivas colidiram com a Via Láctea entre 6.000 e 11.000 milhões de anos atrás, detalha a equipa, em comunicado.

Na nota, os cientistas explicam que os aglomerados globulares são grupos densos de até um milhão de estrelas quase tão antigos como o próprio Universo. A Via Láctea abriga mais de 150 destes aglomerados, muitos dos quais se formaram nas galáxias menores que se fundiram posteriormente para formar a galáxia em que vivemos.

Os cientistas suspeitavam já há décadas que a idades destes aglomerados globulares era sinal de que estes poderiam ser utilizados como “fósseis” para reconstruir os primeiros “passos” da nossa galáxia, mas só modelos e observações recentes permitiram construir a primeira árvore genealógica da Via Láctea.

“O principal desafio de conectar as propriedades dos aglomerados globulares à história da fusão da sua galáxia hospedeira sempre foi o facto de a ‘compilação” das galáxias ser um processo extremamente confuso, durante o qual as órbitas dos aglomerados são completamente reorganizadas”, disse Diederik Kruijssen, do Centro de Astronomia da Universidade de Heidelberg, na Alemanha, um dos líderes da investigação.

“Para dar sentido ao complexo sistema que existe até hoje, decidimos utilizar a Inteligência Artificial. Treinamos uma rede neuronal artificial nas simulações do E-MOSAICS para relacionar as propriedades do aglomerado globular à história de fusão da galáxia hospedeira”, rematou o cientista, citado na mesma nota.

ZAP //

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