Um recurso do presidente separatista catalão Quim Torra contra uma condenação por desobediência que pode afastá-lo do exercício de cargos públicos durante ano e meio foi analisado na quinta-feira pelo Supremo Tribunal de Espanha. Antes de a audiência, Torra reafirmou a sua posição através do Twitter.
Segundo lembrou o Diário de Notícias, durante a campanha eleitoral de 2019, Torra recusou retirar uma faixa com a frase “Liberdade para os presos políticos e exilados” e o símbolo do laço amarelo, de solidariedade para com os independentistas. Acabou por fazê-lo, mas foi acusado e condenado por desrespeito à neutralidade institucional.
Caso o recurso seja rejeitado, poderá ser demitido ou então não reconhecer a legitimidade da decisão. A Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) pede eleições antecipadas e as restantes formações separatistas, Junts Per Catalunya (JxCat) e CUP, apoiam Torra. A decisão do Supremo deve ser proferida antes do final do mês.
À saída da audiência, o presidente separatista disse que o julgamento é “aberrante e grotesco” e acusou o Estado espanhol de tentar “excluir um presidente no meio de uma pandemia e de uma crise monumental” por “reivindicar direitos fundamentais com uma bandeira pacífica”.
A sua demissão demonstraria uma “total falta de responsabilidade” por parte de Espanha, colocando a região numa “corrida eleitoral irresponsável que paralisaria a administração catalã”. “Se o Estado espanhol chegar ao ponto de total irresponsabilidade ao inabilitar-me, haverá apenas um culpado: ele próprio”, afirmou.
Os desentendimentos entre JxCat e ERC levaram Torra a convocar eleições antecipadas em janeiro, mas acabaram por não se realizar devido à pandemia.