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Ranking das Escolas: Privadas ganham mais terreno na frente. Pública mais bem classificada em 32.º lugar

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As instituições privadas voltam a dominar os melhores lugares do Ranking Nacional das Escolas, com os dados relativos a 2019. O Colégio da Nossa Senhora do Rosário, no Porto, continua a ter a melhor média nos exames do Secundário pelo sexto ano consecutivo. A melhor pública aparece no 32º lugar e é a Básica e Secundária Dr. Serafim Leite, em São João da Madeira, Aveiro.

A escola pública melhor classificada entre as secundárias passou despercebida no ano anterior, quando ocupava o 330.º lugar entre meio milhar de estabelecimentos de ensino, sendo agora a que mais subiu no ‘ranking’ elaborado pela Lusa. O Público, em parceria com a Católica Porto Business School, disponibiliza um conjunto de dados sobre o ranking geral das escolas.

O desempenho dos alunos da Escola Básica e Secundária Dr. Serafim Leite, em São João da Madeira, fez com que o estabelecimento de ensino se destacasse como a pública com melhor média nacional nos exames de 2019, segundo uma análise realizada pela agência Lusa a dados disponibilizados pelo Ministério da Educação.

A média das 155 provas dos alunos internos foi de 13,29 valores (numa escala de zero a 20), levando a escola de São João da Madeira a ocupar o 1.º lugar do ‘ranking’ das públicas e o 32.º da tabela geral que junta estabelecimentos públicos e privados.

A escola destaca-se também num outro ‘ranking’ da Lusa, que compara as classificações nas tabelas gerais de um ano para o outro, permitindo identificar os casos que subiram ou desceram muito repentinamente.

Este ano, o primeiro lugar da tabela “sobe e desce” é ocupado pela Dr. Serafim Leite que subiu do 330.º lugar para o 32.º. Depois aparece a Escola Secundária Pinhal do Rei, na Marinha Grande, que também teve uma forte subida, passando do 416.º lugar do ‘ranking’ de 2018 para o 212.º lugar em 2019.

No grupo dos estabelecimentos de ensino que subiram mais de 200 lugares aparece ainda a Escola Básica e Secundária de Arfa e Lima, em Viana do Castelo, que disparou do 316.º lugar para 114.º.

Os estabelecimentos de ensino que mantiveram a sua posição inalterada em relação aos ‘rankings’ do ano passado dividiram-se entre colégios e escolas publicas.

O Colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, voltou a ocupar o 1.º lugar da tabela geral, com uma média de 15,47 valores. É o sexto ano consecutivo que surge no topo do Ranking.

O Colégio Pedro Arrupe, em Lisboa, mantém o 16.º que tinha conseguido em 2018. A Escola Secundária Alves Martins, em Viseu (39.º), o Colégio do Minho (47.º) e a Escola Secundária Carlos Amarante, em Braga (57.º), a Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra (92.º) e a Escola Secundária José Belchior Viegas, em Faro (306.º), mantêm também as posições de 2018.

Já o Instituto de Ciências Educativas, em Odivelas, destacou-se este ano ao descer mais de 300 lugares. Em 2018, o estabelecimento de ensino particular ocupava o 63.º lugar e este ano ficou em 387.º.

Houve outras três escolas – Celorico da Beira, Oeiras e Santa Comba Dão – que desceram mais de 200 lugares.

Médias continuam a subir (e inflacção de notas também)

As notas dos alunos do secundário nos exames nacionais de 2019 melhoraram em relação ao ano anterior, com os colégios a registar uma subida maior do que as escolas públicas.

A média dos estudantes dos colégios foi de 12,69 valores, enquanto nas escolas públicas foi de 10,95 valores, segundo a análise feita pela Lusa.

Comparando com o ano anterior, os colégios subiram mais de meio ponto (de 12,16 valores para 12,69) enquanto as escolas públicas melhoraram duas décimas (de 10,77 valores para 10,95). Já em 2018 a Lusa tinha verificado uma subida média das notas em relação ao ano anterior.

Com a melhoria geral das classificações, aumentou também o número de estabelecimentos de ensino com média positiva: num universo de 514 escolas, 410 obtiveram positiva e as restantes 104 “chumbaram”.

Comparando ensino privado e público, os colégios voltaram a destacar-se em termos percentuais, com 90,9% dos 77 colégios a terem média positiva. Já entre as 437 escolas públicas, 340 (77,80%) obtiveram médias iguais ou superiores a 10 valores.

Mais uma vez, realizaram-se muito menos provas nos colégios: em 2019, os alunos do privado fizeram pouco mais de 25 mil exames, enquanto nas escolas públicas foram quase oito vezes mais (196.427 exames).

Das 17 disciplinas analisadas, apenas Filosofia registou média negativa (9,76 valores).

Matemática B, Desenho A, Espanhol e Geometria Descritiva A lideraram a lista pelo lado das melhores médias com a primeira disciplina a obter 14,63 valores e as restantes com médias na casa dos 13 valores.

Já as disciplinas que levaram mais alunos a exame aparecem a meio da tabela: a média das mais de 55 mil provas a Português foi de 11,84 valores (7.ª melhor nota), seguindo-se os mais de 33 mil exames de Matemática A com uma média de 11,52 valores (9.º lugar no ‘ranking’).

Física e Química A foi a terceira disciplina com mais exames realizados – mais de 26 mil – e a média das provas foi de 10,04 valores, sendo por isso a última disciplina com média positiva no ano passado.

Também se continua a registar a inflacção de notas, com 20 escolas, das quais 15 privadas, a darem notas aos alunos superiores às que seria de esperar. Entre estas, encontra-se o Colégio Nossa Senhora do Rosário no Porto.

Este parâmetro tem em conta a divergência entre as notas obtidas pelos alunos nos Exames nacionais do Secundário e aquelas que os professores lhes atribuíram no fim do ano lectivo. O Ministério da Educação analisa esta discrepância desde há cinco anos.

Maioria não consegue fazer 3.º ciclo ou secundário sem reprovações

A maioria dos alunos do 3.º ciclo e do secundário “chumbou”, pelo menos, um ano letivo ou num dos exames nacionais, segundo dados do Ministério da Educação que indicam que o insucesso atingiu mais de 250 mil jovens.

Esta é uma das conclusões da análise feita pela agência Lusa ao indicador “Percursos Directos de Sucesso”, criado pelo Ministério da Educação, que segue os alunos durante todo o ciclo de ensino e procura aqueles que nunca reprovaram um ano lectivo e tiveram positiva em todos os exames nacionais.

A maioria dos alunos que deveria ter terminado o 3.º ciclo ou o ensino secundário no ano passado não o conseguiu fazer sem reprovar um ano ou ter negativa em, pelo menos, um dos exames nacionais.

Num universo de 456.368 estudantes, apenas 201.937 (44%) tiveram um percurso directo de sucesso.

A situação é mais problemática entre os mais velhos, já que apenas 41,22% conseguiram fazer o secundário sem reprovar. Ou seja, dos 180.317 mil estudantes que entraram para o 10.º ano em 2016/2017, menos de 75 mil (74.337) conseguiram terminar o secundário sem reprovar.

Há, no entanto, uma melhoria em relação ao ano anterior, já que a percentagem dos percursos de sucesso subiu de 39% para 41,22%, segundo a análise da Lusa.

Olhando para as escolas, a grande maioria não consegue que o sucesso seja regra. Num universo de 550 estabelecimentos de ensino, apenas em 102 a maioria dos alunos do secundário fez os três anos sem nunca reprovar e com positiva nos exames nacionais. Nas restantes 448 escolas, a maioria dos estudantes não conseguiu esse feito.

No 3.º ciclo a percentagem de alunos com percursos directos de sucesso também aumentou, subindo de 44% para 46% no ano passado. Entre os 276.051 estudantes que entraram para o 7.º ano em 2016/2017, apenas 127.600 chegaram no ano passado ao fim do ciclo sem nunca “chumbar” um ano ou ter negativa em nenhum dos exames nacionais.

No 3.º ciclo, também são uma minoria as escolas que conseguem que, pelo menos, metade dos seus alunos tenha um percurso de sucesso. Em 759 escolas analisadas, a maioria dos alunos “chumbou” um ano ou teve negativa em pelo menos um dos exames nacionais. Apenas 379 conseguiram que, pelo menos, metade dos seus alunos fizessem os três anos no tempo ideal e tivessem positiva nos exames nacionais.

A Básica e Secundária Dr. Machado de Matos, em Felgueiras, lidera o ranking do sucesso medido desta forma. Aqui, 47% dos estudantes conseguem fazer todo o secundário seguido, sem chumbos. Pode não parecer excepcional, mas a nível nacional, só 22% dos alunos que à entrada do secundário tinham um nível idêntico aos desta escola conseguiram chegar ao 12.º sem reprovar e tiveram positiva nos exames finais.

ZAP // Lusa

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20 Comments

  1. Sempre a mesma treta da mesma comparação entre privadas e públicas.
    Coloquem os professores de uma dessas privadas do TOP a lecionar durante um ano numa das públicas… e os professores dessa escola pública a lecionar nessa privada. Depois comparem os resultados dessas duas turmas.
    Agora comparar 1 ou 2 turmas de uma privada (sabendo nós o tipo de alunos que têm) com 5 a 10 turmas de uma escola pública… santa paciência, que comparações são estas.
    Se comparassem as privadas entre privadas e as públicas entre as públicas… e mesmo aí!
    Treta de ranking.

  2. Devia-se fazer o ranking apenas com as notas do exame e não incluindo as médias dos anos, pois aí nos colégios as notas são normalmente inflacionadas. O exame é a única base que trata de forma igual e honesta os conhecimentos dos alunos e a lista seria completamente diferente!

    • Pois, concordo quando diz que os exames são o elemento mais informativo e mais fiel do real conhecimento dos alunos. Mas a questão é que o ranking que coloca as escolas privadas nos lugares cimeiros é feito precisamente com a nota dos exames. Curiosamente, se fizéssemos apenas um ranking com as notas internas, seriam as escolas publicas a ficar no topo. Ou seja, incrivelmente quem inflaciona as notas internas parecem ser as escolas públicas, e são os alunos das escolas privadas que têm melhores notas nos exames.
      Conhecendo eu vários professores que estudaram comigo na faculdade, não me espanta nada. Há muitos professores que basicamente nem sabem o que pretendem ensinar. Professores que se arrastaram nos cursos que tiraram durante anos a fio, e que terminaram com médias horríveis.
      No meu entender é urgentíssimo avaliar os professores, nomeadamente através de provas exigentes aos conhecimentos que eles possuem. O grau de dificuldade nunca deverá ser inferior ao dos exames da faculdade e no meu entender alguém nunca poderá ser professor se tiver nota inferior a 15 valores (escala de 0 a 20). É necessário haver uma purga dos maus profissionais, deixando aqueles que realmente são bons recuperarem o respeito que a classe merece.
      Talvez as escolas privadas, pelo menos em parte, já façam esse trabalho de descartar os maus profissionais, deixando o papel de ensinar para aqueles que realmente sabem alguma coisa.

      • Caro Pois, o seu comentário até parece fazer algum sentido, mas não deixa de conter algumas contradições. A questão não é tão linear como parece fazer crer.
        Quanto ao que deixa no ar no seu último parágrafo, pode acontecer precisamente contrário: as escolas privadas não estarem interessadas nos melhores profissionais. Por uma razão simples: os bons professores têm consciência do seu papel, são exigentes e não se deixam levar pela pressão patronal:

  3. O Ranking das escolas apenas serve para alimentar o lóbi das escolas privadas.
    Desde a seleção de alunos à entrada, ao reduzido número de alunos a exame por escola, tudo são dados deturpadores de qualquer análise estatística séria. Já para não mencionar que os alunos das privadas são maioritariamente (senão totalmente) candidatos ao ensino superior, enquanto que a maioria do público faz exame apenas para concluir o ensino secundário.
    Os alunos do privado são bons alunos? Claro que são.. mas não é por lá estarem.. no público seriam bons alunos na mesma, e subiriam as respetivas escolas no “ranking”.

  4. E admiram-se que sejam as escolas privadas a terem melhores resultados? Isto do ranking é a pior forma de exclusão social que eu já vi! E o ministério continua com esta barbaridade?! Como é que se pode comparar, sem cometer uma enorme injustiça, alunos de extractos sociais tão diferentes, com condições de vida tão díspares? Os resultados de uma criança do interior, que vai para a escola a pé, e chega a casa exausta sem ter apoio de explicadores, nem ajuda das novas tecnologias, nem dos pais, podem em alguma situação ser comparados com os de um menino que vai para o colégio alemão, com o chaufeur e em casa tem livros e todo o tipo de apoios? E depois, ironia das ironias, são estes meninos ricos que vão ter acesso ao ensino superior pago por todos nós porque os pobres, na sua grande maioria, ficam pelo ensino secundário? Isto é a maior farsa, a maior falácia de que há memória, causando enormes problemas a muitas crianças. Não sei o que pensam disto os psicólogos ligados ao ensino e porque não falam.

  5. E admiram-se que sejam as escolas privadas a terem melhores resultados? Isto do ranking é a pior forma de exclusão social que eu já vi! E o ministério continua com esta barbaridade?! Como é que se pode comparar, sem cometer uma enorme injustiça, alunos de extractos sociais tão diferentes, com condições de vida tão díspares? Os resultados de uma criança do interior, que vai para a escola a pé, e chega a casa exausta sem ter apoio de explicadores, nem ajuda das novas tecnologias, nem dos pais, podem em alguma situação ser comparados com os de um menino que vai para o colégio alemão, com o chaufeur e em casa tem livros e todo o tipo de apoios? E depois, ironia das ironias, são estes meninos ricos que vão ter acesso ao ensino superior, pago por todos nós, porque os pobres, na sua grande maioria, ficam pelo ensino secundário? Isto é a maior farsa, a maior falácia de que há memória, causando enormes problemas a muitas crianças. Não sei o que pensam disto os psicólogos ligados ao ensino e porque não falam?

  6. Este assunto devia ser debatido, na Assembleia da República, o mais rapidamente possível. Não sei como é que num país, com um governo socialista, pode existir tamanha aberração! Os partidos de esquerda quando defendem que o ensino deve ser gratuito não sabem que estão a beneficiar as classes mais abastadas? Fui professora numa instituição, com crianças vítimas de enormes problemas (abandono, abusos sexuais…) e a sua posição situava-se, sempre nos últimos lugares do ranking! Será justo que uma criança para quem a vida foi tão adversa, seja ainda excluída pela escola, que se diz inclusiva, e que a deveria poupar a mais desgostos?

  7. Caríssimo ZAP

    Este é um erro frequente que deveria ser evitado. Não é “melhor classificada” mas sim “mais bem classificada”. O “bem classificada” é um todo significativo e deste modo dever-se-á manter.
    Ainda ontem, diversos órgãos de comunicação social e comentadores televisivos, a propósito desta notícia, referiam “melhor classificada”. É incorreto.

    https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/pelourinho/mais-bem-vs-melhor/545
    https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/melhor-e-mais-bem/175

  8. Convém explicar que que, quando o advérbio vem junto a um particípio passado, mantém a forma regular (mais bem/mais mal) mas com outras formas verbais isso não acontece ( Ele trabalha melhor do que tu, e não mais bem do que tu.)

    • Isso porque geralmente o advérbio forma com o particípio passado um todo significativo. Ora veja: bem construído; bem classificado; bem redigido…
      Em todos esses casos acrescenta-e o advérbio ao todo significativo, não se alterando este. No entanto, é um erro que se vê nas primeiras páginas dos jornais impressos e na televisão em horário nobre.
      E quando se fala dos rankings das escolas… o erro é ainda mais grave pela temática em causa.

      Há mais alguns erros que são exageramente repetidos:
      – Há / à
      – Pagaste / pagas-te
      – Tinhas pagado / tinhas pago
      – Escondesse / esconde-se

      Alguns destes erros já estão tão generalizados que é natural corrigirem-nos quando referimos a forma correta, como por exemplo “tinhas pagado” e não “tinhas pago”.

  9. Boas condições sociais geram bons alunos, más condições sociais só podem gerar maus alunos, salvo raras excepções. O resto é conversa e tretas de rankings! Que servem para quê? Só pode ser para amesquinhar quem nasce socialmente mais desfavorecido.

  10. Convém explicar que com verbos conjugados com os auxiliares “ter e haver” se usam os particípios passados regulares (ele tem aceitado) e com os auxiliares “ser” e “estar ” usam-se os participios passados irregulares
    ( ele é aceite ).

    • Precisamente. No entanto, se falar assim verá que será corrigida por diversas pessoas, nomeadamente ao referir: tinha pagado. Dizem logo prontamente: tinha pago. Obviamente, “tinha pago” é errado. Está / foi pago. Tinha / havido pagado.

      Entretanto, vi o seu comentário seguinte, em que refere esse baluarte do disparate gramatical nacional “à séria”. À séria?! Mas que raio de coisa é essa?! Mas o mesmo Marques Mendes, também diz “melhor classificada” o que deixa a transparecer uma educação no mínimo manhosa.

  11. Já que estamos na escola vamos continuar com as lições de gramática e o erro colossal, agora, é o emprego vulgarizado da expressão: “à séria”. Meu Deus, mas que raio de lógica é esta? Até o dr. Marques Mendes faz uso de tal aberração!! “À séria”, dr. o senhor não aprendeu gramática? Esta pergunta faz algum sentido? Vamos pensar a língua para não dizermos tantas asneiras!!

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