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Os glaciares tropicais estão a diminuir (mas as águas subterrâneas podem fazer a diferença)

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(dr) Jeffrey McKenzie

À medida que a temperatura global aumenta, os glaciares tropicais que cobrem os Andes, no Peru, recuam a um nível recorde: uma queda de 40% na cobertura desde a década de 1970.

O aumento dramático da água, consequente do derretimento glacial, levou a um aumento temporário na irrigação. Mais de 70% das bacias hidrográficas glaciais da Cordilheira Branca atingiram o “pico da água”, o que significa que a taxa de água derretida proveniente dos glaciares atingiu o seu máximo e está agora a diminuir.

Mas o que acontecerá às milhões de pessoas que dependem dos glaciares para obter água, quando eles desaparecerem? Segundo o Massive Science, uma equipa de cientistas liderada por Lauren Somers, ex-aluna de doutoramento da Universidade McGill, no Canadá, está a procurar respostas debaixo da superfície.

As águas subterrâneas, encontradas no subsolo e nas fraturas das rochas, são uma das principais fontes de água doce. No entanto, são altamente negligenciadas nas investigações sobre água nas montanhas. Pelo menos, até agora.

Recolher dados sobre águas subterrâneas é muito difícil, mas esta equipa conseguiu contornar a dificuldade incorporando medidas de campo em modelos de computador para simular locais de estudo, como a bacia hidrográfica de Shullcas, nos Andes peruanos.

Nos Andes, a água subterrânea é reabastecida pela água derretida dos glaciares e pela precipitação. Ao longo da estação seca, a água subterrânea drena lentamente para o rio, contribuindo para o fluxo do mesmo. Os cientistas simularam estes processos para aprender um pouco mais sobre o ciclo da água andina.

No fundo, queriam obter resposta para a pergunta que se impunha: “Qual é o papel atual e futuro do armazenamento de água subterrânea numa bacia montanhosa nos Andes?”

Os resultados do modelo mostram que a bacia hidrográfica de Schullcas atingiu o pico da água por volta de 2013, o que significa que a quantidade de água glacial derretida no Rio Schullcas continuará a diminuir até que o glaciar desapareça por completo.

Por outro lado, os resultados mostram que a água glacial derretida representa apenas cerca de 2% da recarga anual de água subterrânea. Isto significa que as águas subterrâneas podem continuar a ser uma espécie de amortecedor para o abastecimento de água, à medida que os glaciares encolhem.

No entanto, com base nas projeções climáticas – menos chuva e menos queda de neve – a recarga das águas subterrâneas deve ficar comprometida. Além disso, o aumento da temperatura aumentará a evaporação e o uso da água pelas plantas. Com a diminuição da oferta e a crescente demanda, o volume total de água subterrânea diminuirá.

De acordo com a simulação, em cerca de 60 anos, os fatores ambientais devem afetar o abastecimento de água subterrânea, reduzindo o fluxo dos rios durante a estação seca. Os resultados deste estudo foram recentemente publicados na Geophysical Research Letters.

ZAP //

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1 Comment

  1. Podem ficar por cá. Em Portugal as águas subterrâneas são muito mais importantes e muitíssimo mais estudadas do que no Peru.

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