Uma estudante foi violada por três homens durante a noite, no campus da Universidade de Nairobi, no Quénia. “Foi imprudente”, disse a instituição, que já apresentou um pedido de desculpas.
A Universidade de Nairobi, no Quénia, acusou uma aluna, vítima de uma violação em grupo, de ter sido “imprudente”, por ter caminhado pelo campus da universidade à noite e sem acompanhamento.
A universidade queniana emitiu uma nota, na segunda-feira, sobre roubos e violações no campus. No mesmo documento, citado pela Sábado, lê-se: “Em todos os casos se verificaram claros casos de imprudência por parte da estudante“. O memorando acrescenta que a jovem “esteve a divertir-se em várias ‘tascas’ pela cidade e que depois decidiu caminhar sozinha (bêbeda)” pelo campus, quando a sua mala foi roubada e três homens a violaram.
Assim que foi divulgada, a universidade recebeu inúmeras críticas, nomeadamente pela anterior candidata presidencial Martha Karua.
Wairimu Munyinyi Wahome, diretor da associação Coligação Contra a Violência Contra as Mulheres, disse à agência Reuters que “uma vítima de violação nunca deve ser culpabilizada já que essa atitude é o correspondente a transferir a responsabilidade de um crime a um sobrevivente de um crime”.
Segundo o matutino, também foi criada uma petição, assinada por mais de cinco mil pessoas, a pedir que a Universidade de Nairobi considere que os “verdadeiros antagonistas” foram os violadores e não a jovem vítima.
Perante a pressão e as críticas de que foi alvo, a instituição de ensino superior emitiu um pedido de desculpa. “A nota foi insensível e não representa os valores e a imagem da Universidade de Nairobi”, escreveu o vice-reitor, Stephen Kiama, esta quarta-feira.