Um em cada seis homens é vítima de abuso sexual antes dos 18 anos e podem levam décadas até pedir ajuda, por nem sempre aceitarem e entenderem que sofreram violência sexual. Na maior parte dos casos, o abusador é homem.
“Há muito ainda a ideia errada e limitada que violência sexual acontece apenas quando há uma violação“, disse Ângelo Fernandes, fundador da Quebrar o Silêncio, uma associação de apoio especializado para homens vítimas de violência sexual, citado pela TSF.
Segundo indicou, “há muitas vítimas que sentem que não podem procurar apoio porque não houve uma violação, sentem que não foram vítimas e acabam por ficar silenciados”.
Quando a Quebrar o Silêncio foi lançada, há três anos, receberam 45 pedidos de auxílio. Em 2019, recebeu 99 pedidos de apoio. Ao longo dos primeiros anos de atividade, 251 homens procuraram os serviços da associação.
De acordo com Ângelo Fernandes, as vítimas que têm procurado apoio têm entre 30 e 40 anos e estiveram em silêncio durante muito tempo, já que a “a maioria dos casos ocorre na infância ou na pré-adolescência”. Na maioria dos casos o abusador é homem.
A associação disponibiliza serviços gratuitos e confidenciais de apoio psicológico, grupos de ajuda mútua e auxílio entre pares. “São homens que muitas vezes sofrem com pensamentos intrusivos, têm memórias do abuso constantemente, sentem-se isolados, evitam relacionamentos de forma a protegerem-se”, contou o fundador.
A Quebrar o Silêncio registou ainda um aumento nos pedidos de apoio de pessoas amigas e familiares. Em 2018, foram 35 pedidos, em 2019 foram 75. “Na sua grande maioria, são esposas, namoradas ou mães de um sobrevivente que nos procuram para saber como podem ajudar esse homem. A partilha da história de abuso pode afetar a dinâmica do casal ou a dinâmica familiar”, acrescentou Ângelo Fernandes.
