Uma sudanesa cristã de 27 anos, condenada à morte por renegar o Islão, vai ser libertada “nos próximos dias”, anunciou este sábado o secretário-adjunto do ministério dos Negócios Estrangeiros do Sudão, Abdulahi Alzareg.
Abdulahi Alzareg declarou que o Sudão vai garantir a liberdade religiosa e os direitos da mulher, de acordo com vários meios de comunicação sudaneses.
O caso tornou-se conhecido a 15 de maio, quando Meriam Yahia Ibrahim Ishag foi condenada à morte, por enforcamento, por se ter convertido ao cristianismo, e desencadeou uma onda de indignação no estrangeiro em defesa da vida da cristã.
Em 1983, o regime islamita sudanês introduziu a lei islâmica (‘sharia’), que proíbe as conversões, mas os castigos extremos, além da aplicação de chicotadas, são raros.
Grávida na altura do julgamento, a filha de Meriam Ishag nasceu na terça-feira numa prisão sudanesa.
As declarações de Alzareg surgem algumas horas depois de o primeiro-ministro britânico, David Cameron, ter pedido ao governo de Cartum para revogar a sentença de morte a que foi condenada Meriam.
Numa série de mensagens na rede social “Twitter”, o líder conservador britânico sublinhou que “a liberdade religiosa é um direito” e pediu ao executivo sudanês para respeitar os direitos humanos.
“O tratamento dado a Meriam Ibrahim não tem lugar no mundo atual”, acrescentou Cameron, apelando a Cartum para “revogar a sentença e dar apoio a Meriam e aos filhos”.
A organização de defesa dos direitos humanos Amnistia Internacional tinha lançado uma petição internacional para pressionar o governo sudanês a libertar a jovem.
A justiça sudanesa ofereceu dois anos a Meriam para poder amamentar a recém-nascida antes de ser enforcada.
Meriam Yahia Ibrahim Ishag, de pai muçulmano e mãe cristã, foi condenada pela alegada conversão ao cristianismo, apesar de a jovem ter garantido que nunca professou o islamismo.
Casada com Daniel Wani, um sudanês cristão, de nacionalidade norte-americana, Meriam argumentou que o pai se divorciou da mãe quando tinha apenas seis meses, motivo pelo qual foi sempre cristã.
A tradição islâmica designa automaticamente os filhos varões muçulmanos como seguidores da religião.
/Lusa