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Akure está a desenvolver-se a um ritmo acelerado (mas os habitantes não têm uma palavra a dizer)

Kaizenify / Wikimedia

Cidade de Akure, na Nigéria

Akure, a capital do Estado de Ondo, no sudoeste da Nigéria, viu a sua população aumentar em mais de 54% em apenas 13 anos. No entanto, em matéria de infraestruturas, os habitantes da cidade não têm uma palavra a dizer.

De acordo com o Censo Nacional de População e Habitação de 2006, havia 360.268 habitantes em Akure nesse ano. Graças a um aumento percentual anual de 3,2%, a população da cidade, em 2019, é agora de 559.940 pessoas.

O Estado de Ondo fez parte do Delta do Níger, uma região produtora de petróleo. Em 2006, Akure foi classificada como uma Cidade de Desenvolvimento do Milénio, como parte do seu compromisso com as oito metas de desenvolvimento que os Estados membros da ONU concordaram alcançar até 2015.

Como resultado, vários projetos de infraestruturas foram realizados nesta cidade, numa tentativa de melhorar a vida dos habitantes. No entanto, estes desenvolvimentos foram realizados, principalmente, “de cima para baixo” – o que contraria a tendência global, que viu a participação da comunidade enraizar-se.

Num artigo assinado no The Conversation, Ayoola Hezekiah Adedayo e Fakere Alexander Adeyemi, ambos da Universidade de Tecnologia de Akure, explicam que as pessoas diretamente afetadas por estes projetos estão a ser cada vez mais reconhecidas como uma parte essencial do processo.

Ou seja, a construção de uma casa que não considera as necessidades reais de quem a irá usar leva a resultados que não satisfazem as pessoas. Mas esta é uma tendência global que não se verifica em Akure.

Para entender a participação da comunidade no desenvolvimento da cidade, os investigadores estudaram as características socioeconómicas dos moradores e a sua influência em cada decisão sobre o desenvolvimento das infraestruturas.

O estudo mostra que o Governo forneceu algumas instalações – como estradas asfaltadas, drenagem e abastecimento de água – a algumas comunidades, mas não a todas. Na investigação, os investigadores apresentou dois motivos que levaram o Governo a negligenciar o povo de Akure.

O primeiro relaciona-se com o facto de o Governo ter obrigado a população a recorrer à auto-ajuda. Já o segundo prende-se com o facto de, nas comunidades onde forneceu infraestruturas, o Governo não ter envolvido os beneficiários no processo de desenvolvimento – ou seja, as instalações eram planeadas e construídas com base em suposições feitas pelos próprios funcionários do Governo.

De acordo com o estudo, 92,2% dos residentes de Akure não estavam envolvidos no processo, uma percentagem que se revela muito alta e que tem implicações negativas.

Fatores como estado civil, género, rendimento, fontes de financiamento e agregado familiar influenciaram a consulta ou não das pessoas em questão. Os investigadores descobriram que as pessoas tinham maior probabilidade de participar no planeamento da infraestrutura quando eram proprietários e que as que tinham níveis mais altos de educação também estavam mais envolvidas.

Ayoola Hezekiah Adedayo e Fakere Alexander Adeyemi defendem a particapação da comunidade, pelo que consideram que a atual abordagem no fornecimento de infraestruturas da cidade não funciona.

Uma compreensão completa das comunidades, das suas necessidades específicas e da sua singularidade aumentará a probabilidade de atender às necessidades identificadas, rematam.

ZAP //

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