Uma única dose de vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV), responsável por 70 % dos cancros do colo do útero, poderá ser suficiente para dar imunidade de longa duração, de acordo com um estudo publicado hoje.
“Constatámos que os níveis de anticorpos para ambos os tipos de HPV 16 e 18 em mulheres vacinadas com uma dose mantinham-se estáveis quatro anos após a vacinação“, explicou Mahboobeh Safaeian, investigadora do National Cancer Institute (NCI), nos EUA, e principal autora da pesquisa.
“Estes resultados põem em causa as recomendações atuais de que a vacina contra o HPV requer múltiplas doses para gerar uma resposta imune duradoura”, acrescenta a especialista em doenças infecciosas, cuja pesquisa é publicada na revista Cancer Prevention Research.
De acordo com a investigadora, “esta descoberta é promissora para a realização de campanhas de vacinação mais simples e baratas e com mais hipóteses de serem desenvolvidas em todo o mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, onde existe uma taxa de 85% de casos de cancro do colo do útero, uma das principais causas de morte”.
Como se chegou a estes resultados?
Cerca de 20% dos participantes do estudo receberam uma dose de vacina, em vez das três recomendadas. Os autores analisaram em seguida a resposta imunitária através da medição dos níveis de anticorpos do vírus em amostras de sangue de 78, 192 e 120 mulheres que receberam, respetivamente, uma, duas e três doses da vacina.
Os resultados foram então comparados com os de 113 mulheres não vacinadas e os investigadores descobriram que todas as mulheres dos três grupos apresentaram anticorpos contra o HPV 16 e 18 no sangue, durante quatro anos.
Os autores descobriram, no entanto, que os níveis de anticorpos nas mulheres que levaram só uma dose eram inferiores aos das mulheres com duas e três doses, mas que a resposta imunológica continuava a ser duradoura.
As taxas de anticorpos em mulheres vacinadas com uma ou duas doses foram cinco a 24 vezes maiores do que em mulheres que nunca tinham sido vacinadas mas que anteriormente tinham sido infetadas com o HPV, que é transmitido por via sexual.
/Lusa
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