A descoberta do pólen de canábis perto de um assentamento Viking na Terra Nova levanta a questão sobre se os vikings fumavam ou comiam canábis enquanto exploravam a América do Norte.
Os investigadores também encontraram evidências de que os vikings ocuparam esse posto durante mais de um século, muito mais tempo do que se acreditava anteriormente.
Localizado no norte da Terra Nova, o local de L’Anse aux Meadows foi fundado por Vikings por volta de 1000. Até agora, os arqueólogos acreditavam que o local tinha sido ocupado apenas durante um breve período. A nova investigação, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere que os vikings viviam lá possivelmente no século XII ou mesmo no século XIII.
Em agosto de 2018, uma equipa arqueológica escavou um pântano localizado a cerca de 30 metros a leste do assentamento Viking em L’Anse aux Meadows e encontraram uma camada de “ecofactos” – vestígios ambientais que podem ter sido trazidos para o local por seres humanos – que eram datados do século XII ou XIII.
Esses ecofactos incluem restos de dois besouros não nativos da Terra Nova – Simplocaria metallica, da Gronelândia, e Acidota quadrata, do Ártico. A camada também continha pólen de juglans (nozes) e de Humulus (canábis), duas espécies que não crescem naturalmente em L’Anse aux Meadows.
Os vikings, de acordo com a Live Science, poderiam ter recolhido todas essas espécies de plantas e animais quando navegavam para sul. Os cientistas também encontraram os restos de esterco de rena, assim como restos de madeira e carvão. A camada do pântano de turfa é semelhante a outras “camadas culturais de todo o Atlântico Norte nórdico”.
Além disso, os arqueólogos realizaram análises Bayesianas – um tipo de análise estatística – em dados de radiocarbono de artefactos previamente escavados em L’Anse aux Meadows. Esta análise também sugeriu ocupação Viking durante até 200 anos.
“Isso não implica uma ocupação contínua”, escreveram os investigadores, observando que os vikings poderiam ter abandonado e reocupado L’Anse aux Meadows quando lhes convinha.
A descoberta do pólen de canábis levanta a questão de saber se os vikings usaram a canábis para fazer roupas ou para fins de recreação medicinal enquanto exploravam a América do Norte.
Paul Ledger, o principal autor do artigo, pediu cautela na interpretação das descobertas, observando que o pólen pode ser facilmente transportado pelo vento. Também é possível que alguns dos outros “ecofactos” tenham sido trazidos pelos povos indígenas que viviam na Terra Nova, e não pelos vikings.
Em última análise, “os resultados apresentados representam mais perguntas do que respostas”, escreveu a equipa de arqueólogos.
“Acho que é cedo demais para tirar conclusões”, disse Birgitta Wallace, arqueóloga veterana da Parks Canada que fez extensos estudos sobre os vikings na América do Norte. Wallace disse ao Live Science que não está convencida de que os vikings deixaram para trás esses ecofactos.
“Eu acho que é altamente improvável que os nórdicos terão retornado nos séculos XII e XIII, já que não há estruturas no local a partir daquele período que poderiam ser nórdicos”, disse. “Sabemos que havia povos indígenas, ancestrais do Beothuk, no local naquela época.”
Patricia Sutherland, uma cientista do Museu Canadiano da Natureza que também fez uma extensa investigação sobre os vikings na América do Norte, disse que, embora os vikings possam ter estado em Terra Nova nos séculos XII ou XIII, é muito cedo para dizer com certeza.
“Parece prematuro sugerir tal cenário com base nos ecofactos listados no artigo”, disse. “É possível que alguns dos besouros e pólen de plantas encontrados na camada tenham sido levados para a região de L’Anse aux Meadows pelos Vikings por volta de 1000 e continuaram a florescer após a sua partida”.
Enfim, não se sabe nada. São apenas hipóteses e conjeturas. De qualquer forma, de nada serve os vikings terem chegado à América no século X ou XI porque não revelaram a sua descoberta ao mundo. Também é possível que os fenícios tenham, milénios antes, chegado lá (e aos Açores) e não terem regressado. Se se encontrarem evidências, ficaremos a saber. Mas não serviu de nada a não ser para os próprios.
“De qualquer forma, de nada serve os vikings terem chegado à América no século X ou XI porque não revelaram a sua descoberta ao mundo.”
Eles eram para ter publicado no Facebook mas o tipo que ficou encarregue de o fazer estava a fumar ganzas e esqueceu-se.
Boa, Zé Ganzas! LOL Pelo nick, ainda deves ser descendente desses vikings! 😉
Mas, pensando bem, os nossos antepassados lusos também não revelaram muito do que descobriram devido à política de sigilo seguida nessa época. E depois, com a destruição da Casa da Índia pelo terramoto de 1755, ficámos sem saber muitas coisas. O que, acho eu, é uma pena!
De qualquer forma, sabe-se muito mais do que aquilo que se ensina nas escolas.
Abraço!
Vikings maconheiros…
Não há nada de especial em encontrar evidências de canábis em povoamentos muito antigos.
O canábis é uma espécie vegetal que acompanha o ser humano há mais tempo do que qualquer outra até agora encontrada.
Não só é a mais antiga (mais do que todos os cereais) como é a que tem surgido com a maior dispersão geográfica de que há conhecimento, nomeadamente em regiões onde o seu florescimento seria bastante improvável. O que significa que a sua presença se deve aos humanos. (isto é uma referência a registos arqueológicos da época do “Paleolítico”).
Mais recentemente (época “Romana”) há abundantes registos escritos (bem ignorados) sobre a utilização ‘recreativa’ ou ‘ritualística’ do canábis.
Querem ver que ‘nós’ sempre fomos uma “cambada de maconheiros” 🙂 🙂 🙂