Bizarramente, os morcegos têm uma esperança média de vida muito longa, tendo em conta a sua dimensão. Agora, os cientistas descobriram o que pode explicar este fenómeno.
Os mamíferos têm uma relação entre o metabolismo, a massa corporal e a esperança de vida. Regra geral, quanto maior o mamífero, menor é o seu metabolismo e, consequentemente, maior é a sua esperança média de vida.
No entanto, os humanos tendem a quebrar esta tendência, conseguindo viver durante vários anos apesar da baixa massa corporal. Já os ursos, apesar da sua elevada massa corporal, raramente passam dos 30 anos. Mais surpreendente ainda é o caso dos morcegos.
Um estudo publicado esta segunda-feira na revista Nature Ecology & Evolution mostra que “19 espécies de mamíferos vivem mais que os humanos, tendo em conta o seu tamanho, sendo que 18 das quais são morcegos“. O outro mamífero é o rato-toupeiro-nu.
Segundo o Ars Technica, os investigadores capturaram morcegos, retiraram amostras de sangue, identificaram-nos e devolveram-nos à natureza. Seis anos depois, repetiram o processo e verificaram como é que os morcegos tinham envelhecido. Como os morcegos recolhidos vinham de cinco colónias diferentes, apresentavam características distintas resultantes de vários ambientes.
Ao compararem as amostras, os cientistas verificaram poucas mudanças na sua atividade genética. Os resultados mostraram que apenas 9% das diferenças genéticas eram relacionadas com o envelhecimento. Foram encontradas células que reparavam os danos no ADN e genes que evitavam que as células se dividissem.
Uma das razões que pode também explicar a sua maior esperança de vida é o facto de, metabolicamente falando, voar ser algo muito exigente. Assim sendo, os morcegos podem ter desenvolvido uma maior resistência genética causada pela grande atividade metabólica ao longo dos anos.
Além disso, em comparação com outros mamíferos, os morcegos parecem não ser tão afetados pelo envelhecimento e as suas respostas imunológicas e atividade metabólica mantinham-se praticamente intactas.
O estudo apresenta algumas limitações, uma vez que apenas observou células sanguíneas, apesar de o envelhecimento também se verificar noutros tecidos. Contudo, os autores acreditam que o estudo dá uma nova visão sobre o processo de envelhecimento.