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Diagnóstico de cancro da mama por IA é agora tão bom quanto o de humanos

National Cancer Institute / Wikimedia

O diagnóstico do cancro da mama por parte de inteligência artificial (IA) é agora tão bom quanto o diagnóstico de especialistas humanos. O recurso a esta tecnologia pode aumentar a eficácia e a eficiência da análise.

O cancro da mama é o tipo de cancro mais diagnosticado nas mulheres em todo o mundo e, em Portugal, surgem cerca de 4500 novos casos anualmente. No Serviço Nacional de Saúde, o rastreio do cancro da mama inclui uma mamografia, que é essencialmente um raio X do seio.

No entanto, o futuro deste teste poderá estar em risco à medida que o número de especialistas capazes de ler os resultados diminui. Embora esse défice não possa ser compensado imediatamente, alguns avanços promissores na IA podem ajudar.

Interpretar uma mamografia é um processo complexo normalmente realizado por radiologistas especialmente treinados. As suas habilidades são essenciais para a deteção precoce e diagnóstico desde tipo de cancro. Os médicos examinam visualmente várias mamografias à procura de sinais de cancro da mama, explica o The Conversation.

Contudo, esse sinais são muitas vezes ambíguos ou difíceis de analisar. As taxas de falso negativo das mamografias estão entre 20% e 30%. Estes são erros de perceção ou erros de interpretação e podem ser atribuídos à sensibilidade ou especificidade de quem os lê.

Muitos acreditam que a chave para o desenvolvimento do conhecimento necessário para interpretar mamografias é um treino rigoroso, prática e experiência intensiva. Enquanto alguns investigadores estudam estratégias de treino que podem acelerar a transição de médico novato para especialista, outros investigam de que forma a IA pode ser usada para acelerar o diagnóstico e melhorar a sua precisão.

Diagnóstico de máquinas

Como em muitas outras áreas, o potencial dos algoritmos de inteligência artificial para ajudar no diagnóstico de cancro não passou despercebido. Juntamente com o cancro da mama, os investigadores vêm analisando de que maneira a tecnologia pode melhorar a eficácia e a eficiência dos cuidados com o cancro do pulmão, cérebro e próstata.

Até a Google está a analisar como a inteligência artificial pode ser usada para o diagnóstico de cancros. A empresa norte-americana criou um algoritmo para detetar tumores que foram metastizados, com uma taxa de sucesso de 99%.

Para o cancro da mama, o foco até agora tem sido em como a IA pode ajudar a diagnosticar a doença a partir de mamografias. Cada mamografia é lida por dois especialistas, o que pode levar a possíveis atrasos no diagnóstico, caso haja uma falta de especialização.

Os investigadores têm procurado introduzir sistemas de inteligência artificial no momento da triagem. A ideia é corroborar o diagnóstico de um especialista sem ter de esperar por uma segunda opinião de outro profissional. Isto permitia reduzir o tempo de espera e a ansiedade associada para as mulheres que foram testadas.

A tecnologia já fez avanços no reconhecimento de imagem do cancro. No final de 2018, investigadores relataram que um sistema comercial correspondia à precisão de mais de 28 mil interpretações de mamografias de rastreio feitas por 101 radiologistas. Isto significa que atingiu a precisão de deteção de cancro de um especialista humano.

Noutro estudo conduzido pelo mesmo cientista, radiologistas usaram um sistema de inteligência artificial como apoio e mostraram uma taxa melhorada de deteção de cancro da mama — subindo de 83% para 86%. Além disso, o tempo de análise também é consideravelmente mais baixo.

Os últimos ajustes

Embora o potencial da IA tenha sido bem recebido por alguns radiologistas, trouxe suspeitas a outros. É necessário um ajuste e uma melhoria do software antes que possa ser introduzida com segurança nos programas de rastreio do cancro da mama.

A confiança do especialista e do público precisa de ser tomada em consideração antes que possa ser introduzida. A aceitação da tecnologia é vital para que os pacientes e profissionais médicos saibam que estão a receber os resultados corretos.

Por enquanto, há pouca investigação sobre a perceção pública da inteligência artificial no rastreio do cancro da mama, mas estudos mais gerais sobre IA e cuidados de saúde descobriram que 39% das pessoas estão dispostas a usar esta tecnologia no que toca aos cuidados de saúde. Os interessados aumentam para 55% no grupo demográfico de 18 aos 24 anos.

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