Depois de analisar dados de duas sondas solares lançadas na década de 70, uma equipa de cientistas da NASA observou nos ventos solares manchas semelhantes a lâmpadas de lava com um tamanho até 500 vezes maior do que a Terra.
“[Estas manchas] parecem-se com bolhas de uma lâmpada de lava”, afirmou Nicholeen Viall, co-autor da investigação e astrofísico do Goddard Space Flight Center da agência espacial norte-americana, em declarações ao portal Live Science. “Só que estas são centenas de vezes maiores do que a Terra”, revelou.
O fenómeno das manchas solares começou a ser estudado no início de 2000, mas a origem e o impacto destes eventos meteorológicos são ainda incertos – apesar de acontecerem com regularidade na nossa estrela. A dimensões destas manchas oscilam entre 50 (tamanho inicial) a 500 vezes o tamanho da Terra, crescendo à medida que se propagam no Espaço, explicou Viall.
Até há pouco tempo, as únicas observações de manchas solares eram oriundas de satélites da Terra, que são capazes de detetar quando um grupo destas bolhas cai no campo magnético do nosso planeta. Contudo, estes instrumentos não conseguem explicar as inúmeras mudanças que as manchas experimentaram desde que são “cuspidas” pelo Sol.
Graças aos dados das sondas solares Helios 1 e Helios 2, Viall e a sua equipa conseguiram observar as manchas “de lava” à medida que estas iam surgindo.
Na nova investigação, cujos resultados foram no fim de janeiro publicados na revista JGR: Space Physics, os cientistas descobriram que estas manchas ocorrem pelo menos uma vez a cada uma ou duas horas e que são mais quentes e mais densas do que o restante fluxo de partículas altamente carregado (comummente apelidado de vento solar).
“Inclusivamente nos dias de bom clima espacial, em termos de tempestades solares explosivas, um nível climático base sempre ocorre no Sol”, assinalou o especialista, acrescentando que “estas pequenas dinâmicas também impulsionam a dinâmica da Terra”.
Importa frisar que os cientistas não sabem ainda por que motivo as manchas solares são criadas. Contudo, leituras do campo magnético capturadas perto da Terra parecem indicar ser provável que estas “bolhas” se formem no mesmo tipo de explosões que desencadeiam as tempestades solares – explosões maciças de plasma começam a ocorrer quando as linhas do campo magnético do Sol se emaranham, se quebram e e se voltam posteriormente a alinhar.
“Achamos que um processo semelhante está a criar as bolhas numa escala muito menor – pequenas rajadas ambientais em oposição às gigantescas explosões” do Sol, disse Viall.
Os resultados da sonda Parker Solar Probe, da NASA, que foi lançada em agosto de 2018 e que se encontra a cerca de 24 milhões de quilómetros do Sol, poderão confirmar estas suspeitas em breve. Além dos 40 anos de avanço tecnológico comparativamente com as Helios, a Parker está também muito mais próxima do Sol.
Na sua aproximação mais próxima do Sol, a Parker ficará a “apenas” 6,4 milhões de quilómetros do nosso astro. A partir deste ponto escaldante, a sonda deverá ser capaz de observar as bolhas “logo após o nascimento”, acrescentou Viall.