Helicóptero de combate a incêndios despenhou-se a perseguir incendiários

Nuno André Ferreira / Lusa

Helicóptero Kamov Ka-32A-11BC da frota da Protecção Civil no combate a um incêndio

O helicóptero que caiu na zona de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, em Agosto de 2015, estava em plena perseguição a dois alegados incendiários, concluiu o relatório do acidente com a aeronave que levava cinco tripulantes a bordo.

O relatório do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes com Aeronaves (GPIAAF) com as conclusões da análise às circunstâncias da queda do helicóptero foi divulgado nesta semana no site da entidade.

Já se sabia que a análise ao acidente que aconteceu a 8 de Agosto de 2015, perto do Lugar do Côto, no concelho de Arcos de Valdevez, determinou responsabilidades do piloto pela queda. E agora fica a saber-se que a tentativa de aterragem falhada se deveu à intenção de perseguir dois alegados incendiários.

O relatório refere que quando o helicóptero regressava do Centro de Meios Aéreos de Arcos de Valdevez, após completar uma missão de combate a incêndio, os cinco militares da GNR que iam na aeronave viram “dois homens” que acharam serem os responsáveis pelo fogo que ardia na zona.

Após uma “rápida conversa”, o piloto resolveu aterrar o helicóptero para se proceder à perseguição dos dois suspeitos.

“Na manobra de aproximação e aterragem, o piloto perdeu o controlo da aeronave, embatendo com intensidade no solo e causando danos estruturais significativos” ao helicóptero, sustenta o relatório, apontando que o condutor do veículo “não teve em consideração o facto de estar a aterrar na região de sotavento da montanha, que estaria a ser afectada por vento turbulento e rajadas descendentes“.

Assim, o GPIAAF conclui que foi “a ineficaz ou inexistente análise de risco por parte do piloto na execução da manobra de aproximação e aterragem não planeada” que causou o acidente.

O relatório também nota a fadiga do piloto como causa, realçando que o homem de 30 anos estava a trabalhar há oito horas seguidas, “seis delas como tempo de voo efectivo, não tendo feito paragem no período de almoço às 13h30, como previsto, dado que, após aterrar, teve indicações para descolar novamente para uma nova missão”.

“A reduzida performance do piloto é consistente com os efeitos de fadiga, limitando a habilidade deste para realizar uma análise adequada dos riscos”, constata o documento.

O acidente não teve consequências graves, além dos estragos no helicóptero, e só o piloto e um militar da GNR sofreram ferimentos ligeiros.

ZAP //

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