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Erdogan não é invencível: oposição ganha Ancara, em Istambul disputa-se até ao último voto

Tolga Bozoglu / EPA

Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan

Ainda não são conhecidos os resultados das eleições municipais na Turquia, mas os primeiros resultados apontam para que o partido de Erdogan possa ter perdido a maioria na capital, no que seria uma clara derrota do Presidente.

A noite deste domingo foi amarga para Recep Tayyip Erdogan. A contagem dos votos nas eleições locais na Turquia dá como possível a vitória do principal partido da oposição, uma formação secular em Ancara. Esta seria a primeira derrota significativa do AKP, o partido islamista de Erdogan, desde que chegou ao poder, em 2003. No entanto, a diferença entre os dois candidatos é mínima.

Segundo o Público, Mansur Yavas, do Partido Republicano do Povo (CHP), tem 50,3% dos votos em Ancara, o que lhe dava uma vantagem de 2,8 pontos percentuais sobre o seu rival do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), Mehmet Ozhaseki, um ex-ministro.

No entanto, com 98% dos votos contados em Istambul, Binali Yildirim, ex-primeiro-ministro do AKP, tem 48,8% dos votos, e o principal candidato da oposição, Ekrem Imamoglu, do CHP, 48,6% noticia a televisão NTV.

Erdogan domina a política turca há mais de 16 anos, mas com a economia a contrair depois da crise económica de 2018 (que fez a lira perder 30% do seu valor) muitos eleitores votaram pela mudança. As sondagens indicavam que o AKP de Erdogan podia perder a capital.

Nas últimas semanas, o Presidente turco tem atribuído a culpa pela crise económica aos “ataques” do Ocidente. “O objetivo destes ataques cada vez mais frequentes é bloquear o caminho que nos leva a uma Turquia maior e mais forte”, disse Erdogan num comício em Istambul, no sábado.

Estas eleições locais e municipais foram as primeiras desde que Erdogan assumiu poderes extraordinários como Presidente, com a nova Constituição, no ano passado – desapareceu a figura do primeiro-ministro e todo o poder é agora do chefe de Estado.

Por esse motivo, estas eleições são consideradas como um barómetro sobre o apoio ao Governo. Cerca de 57 milhões de eleitores turcos foram chamados a votar em mil presidentes de câmara e 30 presidentes de outras tantas áreas metropolitanas.

Dois membros de partido da oposição mortos

Dois membros de um partido turco da oposição foram mortos a tiro este domingo numa assembleia eleitoral na cidade turca de Malatya, leste do país, num dos vários incidentes violentos registados enquanto decorrem umas importantes eleições municipais.

Num comunicado, o presidente do partido “Saadet” (SP), Temel Karamollaoglu, informou sobre o incidente, quase no mesmo momento em que o ministro do Interior, Soylu, declarava à imprensa que a votação estava a decorrer pacificamente.

“Em Poturge, um distrito de Malatya, dois membros do nosso partido, um dos quais era observador do sufrágio, perderam a vida”, indicou o líder do SP, uma formação islamita moderada e aliada da principal força da oposição, o social-democrata Partido Republicano do Povo (CHP).

A nota explica que o ataque foi perpetrado por um primo do candidato do governamental Partido Justiça e Desenvolvimento (AKP), que disparou contra os observadores quando estes se opuseram a que a votação se levasse a cabo de forma aberta. Segundo a televisão turca CNNTürk, o incidente ocorreu às 10h30 locais.

O homem que disparou foi detido pela polícia, que também adotou amplas medidas de segurança em torno da escola utilizada como assembleia de voto.

Por outro lado, na localidade de Karapinar, na província de Diyarbakir, duas pessoas ficaram feridas, um em estado crítico, num confronto entre dois grupos que apoiam líderes rivais. Noutro incidente similar, num bairro de Midyat, uma cidade da província de Mardin, no sul do país, quatro pessoas ficaram feridas e uma foi detida. Mesmo assim, um votante ficou ferido num ataque numa esquadra de Istambul.

ZAP // Lusa

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