Duas agências bancárias situadas no Porto e em Valença do Minho foram usadas por um narcotraficante espanhol para lavar o dinheiro que ganhava com a venda de estupefacientes e ainda no contrabando de tabaco.
Uma investigação do fisco daquele país concluiu que o milionário octogenário José Casanova Pérez criou uma intrincada rede de sociedades e de contas bancárias para movimentar os lucros ilícitos.
Em Portugal terá contado com a colaboração de funcionários bancários, que antes de transferirem para outras paragens as somas que ele ou os cúmplices depositavam em mão, as fracionavam em parcelas mais pequenas, por forma a não chamar a atenção das autoridades nacionais, explica o Público.
Depósitos acima dos 15 mil euros obrigam os clientes a fornecer aos bancos explicações sobre a proveniência do dinheiro, precisamente como forma de prevenção do branqueamento de capitais.
José Casanova Pérez, a sua companheira e restantes cúmplices “deslocavam-se ao Porto e a Valença do Minho para branquear dinheiro em duas agências bancárias com a mesma naturalidade com que outros galegos cruzam a fronteira para comprar toalhas”, descreve o jornal La Voz de Galícia.
“Contavam com a cumplicidade de funcionários destas agências, que recorriam a smurfing”, a técnica de fracionamento das somas depositadas na mesma ou em várias contas para iludir a vigilância do sistema bancário – um termo inspirado na agilidade dos bonequinhos azuis da banda desenhada, os smurfs.
O circuito de branqueamento duraria há décadas e incluía firmas e contas bancárias em três continentes. O traficante de cocaína e heroína, cuja fortuna as autoridades estimam valer dez milhões de euros, também recorria à zona offshore da Madeira.
“As agências bancárias portuguesas eram especialmente importantes para esta organização por causa das contas offshore que lhes estavam associadas”, revela o jornal espanhol, explicando que foram também identificadas transferências de dinheiro entre Valença do Minho e Macau.