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Norte-americanos morrem mais por overdose do que por acidente de carro

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Pela primeira vez na História, os norte-americanos estão mais propensos a morrer por ‘overdose’ de opióides do que por acidente de carro, sendo a morte devido ao consumo excessivo destas substâncias considerada uma epidemia que ameaça a saúde pública e segurança.

De acordo com um novo relatório do Conselho Nacional de Segurança dos Estados Unidos (EUA), divulgado na passada quarta-feira pelo Vox, os dados de 2017 mostram que os a probabilidade de os americanos morrerem de acidente de automóvel é de uma em 103, enquanto por ‘overdose’ de opiáceos a probabilidade é de uma em 96.

Em comparação, existe uma chance em 6 de morrer de doença cardíaca, uma em 7 por cancro, uma em 285 por ataque com arma de fogo, uma em 1117 por afogamento, uma em 188 364 num acidente de avião e uma em 218 106 de ser morto por um raio.

Dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças indicam que a taxa de mortalidade por veículo motorizado ajustada por idade atingiu 11,5 por 100 mil pessoas em 2017, abaixo do pico recente de 15,2, registado em 2002.

Em contrapartida, as mortes por ‘overdose’ de opiáceos – agora em grande parte impulsionadas pelo fentanil ilícito, um poderoso opióide sintético cuja venda se tem expandido no mercado negro – atingiram uma taxa ajustada por idade de 14,9 por 100 mil indivíduos em 2017, acima dos 2,9 em 1999.

Segundo a mesma análise,  os números preliminares de 2018 apontam para uma estabilização da taxa no início do ano.

A epidemia de opióide começou na década de 1990, quando o marketing farmacêutico e o ‘lobby’ levaram “os médicos a prescrever muito mais analgésicos opiáceos”. Essa situação, refere o Vox, originou “a primeira onda de mortes por ‘overdose‘”, com mais pessoas a abusar e a viciar-se em drogas, incluindo pacientes e indivíduos que roubaram, compraram ou tomaram analgésicos emprestados de pacientes.

Existem soluções reais para a crise dos opiáceos?

De acordo com o artigo, sim. Especialistas em política de saúde pública e drogas acreditam que, primeiramente, seria necessário expandir drasticamente o tratamento da dependência. Com base num relatório do Surgeon General, de 2016, este permanece inacessível para a maioria das pessoas.

Isso implicaria o aumentar o acesso a medicamentos como a metadona e a buprenorfina, considerados os melhores fármacos para tratar o vício em opióides, reduzindo para metade, ou mais, a taxa de mortalidade entre pacientes com dependência.

Outra solução avançada pelo Vox passa por diminuir as prescrições médicas, de forma evitar que mais pessoas utilizem os medicamentos inadequadamente. Essa medida garantiria, igualmente, o acesso às prescrições pelos pacientes que realmente necessitam.

Abordagens para redução de perigos associados ao consumo de opióides, como troca de agulhas e uma maior distribuição do antídoto de ‘overdose’ naloxona, também ajudariam.

Estas medidas foram aplicadas em vários estados americanos, que viram as mortes por ‘overdose’ diminuírem ou se estabilizarem em 2017.

No entanto, um problema consistente para muitos desses estados tem sido a falta de recursos federais. Embora o Congresso tenha aumentado o financiamento para tratamento de dependência de opiáceos nos últimos anos, o dinheiro alocado até agora está muito aquém do necessário para enfrentar plena e rapidamente a epidemia de opiáceos.

E, apesar das promessas generosas, o presidente norte-americano Donald Trump “pouco fez para mudar esta situação”, frisa ainda o artigo do Vox.

TP, ZAP // Vox

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