Afinal não foi um português o primeiro europeu a chegar à Califórnia

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Brian Sterling / Flickr

Monumento Nacional Cabrillo, em San Diego, Califórnia

Investigação histórica concluiu que o primeiro europeu a chegar à Califórnia em 1542 não era português, mas sim espanhol.

O Monumento Nacional Cabrillo, em San Diego, vai instalar esta sexta-feira uma placa a reconhecer Juan Rodriguez Cabrillo como espanhol, corrigindo a ideia de que um português fora o primeiro a chegar à Califórnia em 1542.

A placa será apresentada pela Casa de Espanha e “reflete a pesquisa mais recente” da investigadora canadiana Wendy Kramer, disse à Lusa Andrea Compton, superintendente do Serviço de Parques Nacionais, que gere o monumento.

A cerimónia acontece no arranque do Festival Cabrillo, que este fim de semana terá a sua 55.ª edição na base naval de Ballast Point, onde o navegador desembarcou há 476 anos. O comandante António Pedro Ferreira Moreira estará presente em representação da marinha portuguesa.

“Isto não remove a importância que os portugueses têm tido e tiveram até na criação do Parque”, explicou Andrea Compton, referindo que a estátua original de Cabrillo foi comissionada pelo Secretariado da Propaganda Nacional de Salazar, em 1939, existindo “várias placas históricas” que se referem ao navegador “João Rodrigues Cabrilho” como português, tendo em conta “o indicado pelos registos mais antigos”.

A placa é temporária e será substituída por uma estrutura permanente com explicação mais detalhada da evolução do conhecimento histórico, que acabou por concluir que Cabrillo nasceu em Palma del Río, Andaluzia.

O navegador chegou à Califórnia a serviço da coroa espanhola, mas durante muito tempo foi-lhe atribuída nacionalidade portuguesa.

A cerimónia comemorativa “reconhece todas as nações envolvidas”, disse Andrea Compton, o que inclui Portugal, Espanha, México, EUA e nação nativa Kumeyaay.

Festival reconstitui o desembarque

Patty Camacho, luso-americana que preside ao Cabrillo Festival, disse à Lusa que “a missão do festival é reconstituir o desembarque” e “celebrar o que nos tornámos desde que ele chegou”, independentemente do seu local de nascimento.

O evento “celebra as várias culturas que nasceram” desde a chegada de Cabrillo, sem esquecer “os erros” que foram cometidos quando os europeus desembarcaram na Califórnia e “muitas pessoas morreram” quando encontraram a população nativa.

O festival inclui bailarinos luso-americanos, pratos típicos portugueses, arte e objetos culturais levados pelo Portuguese Historical Center, instituição fundada em 1977.

San Diego tem uma comunidade portuguesa de quase vinte mil pessoas, com a maior concentração em Point Loma.

A marinha norte-americana abrirá a base naval de forma excecional para acolher os festejos, sendo este o único dia do ano em que está aberta ao público. A cerimónia inclui salva de canhões e exposição de ferramentas e vestuário da época.

Patty Camacho revelou que na edição do ano passado marcaram presença no festival 2.300 pessoas, sendo esperada uma afluência semelhante este sábado.

// Lusa

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