Um grupo de arqueólogos descobriu na China uma cidade “perdida” com 4.300 anos, que possui uma enorme pirâmide com pelo menos 70 metros de altura e que abrange 24 hectares na sua base.
Com uma área total de 400 hectares, esta era uma das maiores cidade do mundo na época. O seu nome original permanece desconhecido e, por isso, o espaço foi apelidado de Shimao, contam os investigadores no artigo publicado esta semana na revista Antiquity.
A pirâmide massiva estava decorada com símbolos antropormóficos que, de acordo com os investigadores, tinham provavelmente algum significado religioso. “Estas figuras podem ter adornado a pirâmide de degraus com um poder religioso especial, fortalecendo ainda mais o impacto visual que gera em quem a vê”, apontaram.
À volta da cidade e da pirâmide foram construídos uma série de muros e portões de pedra. Os 11 degraus que constituem a pirâmide são também feitos de pedra. Estas construções podem indicar que esta cidade precisava de se defender contra possíveis invasores.
No topo da pirâmide estava “escondido” um grande palácio, construído “em terra batida, com pilares de madeira e telha”, tendo também “um grande reservatório de água e vestígios relacionados com a vida quotidiana da época”.
Os governantes da cidade viviam neste local, que funcionava também como zona de produção de artesanato e indústria.
“As evidências até agora encontradas sugerem que o complexo da pirâmide funcionava não só como um espaço de habitação para as elites que governavam de Shimao, mas também como um espaço para a produção artesanato e indústria”.
Vestígios de sacrifícios humanos
No entanto, foi perto do portão a leste da cidade que foram descobertos os vestígios mais surpreendentes (e violentos): seis poços com cabeças humanas decapitadas.
Alguns do restos mortais encontrados podem ser de vítimas oriundas de outro sítio arqueológico localizado perto da cidade descoberta, chamado de Zhukaigou. Os investigadores sugerem que o povo de Shimao pode ter conquistado o local vizinho.
“A análise morfológica dos restos humanos sugere que as vítimas podem estar ligadas aos moradores de Zhukaigou, podendo indicar que foram levados para Shimao como cativos durante a expansão da organização política cidade”, sustentam os arqueólogos.
Os arqueólogos encontraram também objetos de jade inseridos entre os blocos que formavam as estruturas de pedra. Estes objetos, tal como os restos do sacrifício humano encontrados, dotaram a cidade com uma espécie de ritual e potência religiosa, explicam os investigadores no artigo.
Os arqueólogos sabiam da existência de Shimao já há muitos anos, mas acreditavam que esta cidade fazia parte da Grande Muralha da China, que tem uma secção localizada nas proximidades.
No entanto, foi só nos últimos anos, quando começaram as escavações, que os arqueólogos perceberam que Shimao é muito mais antiga do que a Grande Muralha – que começou a ser construída há cerca de 2.700 anos.
As investigações em Shimao continuam e, certamente, novas evidências serão descobertas e ajudarão a saber mais sobre os habitantes da cidade antiga e da sua fascinante pirâmide.
ZAP // Live Science