Graças a uma descoberta arqueológica, de um grupo internacional de cientistas, foi possível comprovar que a civilização Taino – os primeiros americanos indígenas que sentiram o impacto da colonização europeia – ainda tem descendentes nas Caraíbas.
A cultura Taina predominava nas Grandes Antilhas, nas Pequenas Antilhas e nas Bahamas. No entanto, muitos cientistas estavam convencidos de que estes indígenas se tinha extinguido devido às enfermidades, escravidão e outras consequências da colonização europeia.
Pela primeira vez, novas evidências de ADN revelaram que a linhagem desta civilização ainda continua viva. “É uma descoberta fascinante”, diz o arqueólogo Hannes Schroeder, da Universidade de Copenhague, na Dinamarca, citado pelo ScienceAlert.
Um dente milenar encontrado numa caverna na ilha de Eleuthers, nas Bahamas, permitiu aos cientistas sequenciar o primeiro genoma humano antigo completo das Caraíbas. O dente manteve preservado ADN suficiente para permitir este feito, cujo estudo foi publicado recentemente na Proceedings of the National Academy of Sciences.
O resultado foi nada mais do que a primeira prova de que há um certo nível de continuidade entre os povos indígenas das Caraíbas e as comunidades contemporâneas da região. O dente pertencia a uma mulher que viveu entre os séculos VIII e X, pelo menos 500 anos antes da chegada de Colombo às Bahamas.
Ao comparar o genoma antigo das Bahamas com o dos habitantes contemporâneos das ilhas das Caraíbas, os cientistas descobriram que os porto-riquenhos têm uma ligação mais estreita com os antigos Tainos do que qualquer outro grupo indígena das Américas.
Assim, os cientistas comprovaram o elemento de continuidade entre as populações, apesar do efeito da colonização europeia.
“Eu gostava que a minha avó estivesse viva para lhe confirmar o que ela já sabia“, diz o descendente Taíno Jorge Estevez, que ajudou a equipa de cientistas com as suas próprias pesquisas. Embora possa ter sido uma questão de investigação científica, Estevez admite que esta descoberta é “libertadora e inspiradora” para os povos descendentes.
A equipa de investigadores está extremamente confiante nos próximos estudos, que serão realizados com base em mais evidências genéticas, na esperança que provem que outras linhagens indígenas também sobreviveram.
Para a comunidade científica, este é um virar da página num erro cometido ao longo de muitos anos: o de assumir que os povos nativos estão completamente “extintos”.