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Sangue do cordão umbilical pode aliviar sintomas de autismo

Blogging Autism / Flickr

Um ensaio clínico conduzido por um grupo de investigadores da Universidade de Duke, nos EUA, revelou que a infusão autóloga – transplante no próprio indivíduo – de sangue do cordão umbilical pode aliviar os sintomas associados às Perturbações do Espectro do Autismo, provavelmente através da regulação de processos inflamatórios ao nível cerebral.

Os resultados do ensaio foram publicados na revista científica “Stem Cells Translational Medicine”. O estudo, de fase 1, incluiu 25 crianças, com idades entre os dois e os seis anos, com diagnóstico confirmado de autismo e que tinham criopreservado o cordão umbilical num banco de células estaminais.

As crianças foram sujeitas a avaliações comportamentais e funcionais, imediatamente antes da infusão autóloga do cordão umbilical e aos seis e 12 meses depois do procedimento.

Durante os 12 meses, confirmou-se que o tratamento era seguro e bem tolerado, tendo sido observadas melhorias significativas ao nível da comunicação, comportamento social e sintomas do autismo, nas classificações clínicas da severidade dos sintomas e no grau de melhoria, nas medidas padronizadas de vocabulário expressivo e nas medidas objetivas da atenção das crianças a estímulos sociais.

As evoluções comportamentais observadas nos primeiros seis meses, após a infusão, mantiveram-se aos 12 meses, sendo mais significativas nas crianças que inicialmente tinham maior QI não verbal.

“Atualmente os tratamentos farmacológicos disponíveis para as perturbações relacionadas com o autismo dirigem-se apenas aos sintomas associados, como a irritabilidade, não atuando sobre os sintomas principais. Assim há uma grande necessidade de tratamentos mais eficazes para estas patologias”, defende Carla Cardoso, investigadora na área das células estaminais.

“Este ensaio clínico vem sugerir uma nova abordagem terapêutica para o tratamento das Perturbações do Espectro do Autismo, ao mostrar que a infusão autóloga do cordão umbilical está associada a melhorais comportamentais significativas em crianças com autismo, contribuindo para uma melhoria funcional global nestes casos pediátricos”, continua.

O autismo é uma patologia neuropsiquiátrica que apresenta uma grande variedade de manifestações clínicas e resulta de disfunções multifactoriais do desenvolvimento do sistema nervoso central, afetando o normal desenvolvimento da criança.

Os sintomas manifestam-se nos primeiros três anos de vida e incluem os domínios social, comportamental e comunicacional.

Entre as Perturbações do Espectro do Autismo, o autismo é a patologia mais comum. A incidência tem vindo a aumentar em todo o mundo, atingindo atualmente cerca de 60 em cada dez mil crianças, com maior prevalência no sexo masculino. Em Portugal, estima-se que a doença afete uma em cada mil crianças em idade escolar.

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