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Cientistas prevêem grande terramoto com tsunami devastador

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Diego Figueroa / EPA

Destroços do tsunami que se seguiu a um terramoto de magnitude 8.3 na escala de Richter no Chile, a 16 de setembro de 2015.

Destroços do tsunami que se seguiu a um terramoto de magnitude 8.3 na escala de Richter no Chile, a 16 de setembro de 2015.

Sismólogos chilenos e franceses acreditam que conseguiram prever onde vai acontecer o próximo grande terramoto, seguido de um tsunami devastador.

O Chile, palco habitual de sismos de grande magnitude, será o epicentro de um fenómeno que pode ter efeitos avassaladores, de acordo com os autores de um estudo publicado no Journal of Geophysical Research.

As previsões apontam que esse terramoto, e consequente tsunami, deverá acontecer nas proximidades da cidade de Santiago, a capital do Chile, com epicentro em Valparaíso. Nesta cidade chilena ocorreu, em 22 de Maio de 1960, o mais forte terramoto já registado, desde que há registos sismográficos, com uma magnitude de 9.5.

Num outro estudo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters, que se debruçou especialmente sobre o sismo de 2015, com magnitude de 8.3, que assolou o Chile, sismólogos chilenos e franceses chegaram a conclusões semelhantes, nomeadamente quanto aos riscos que as placas tectónicas Sul-Americana e de Nazca representam para futuros terramotos na região.

Padrão regular a cada 80 anos

Graças a simulações de vários terramotos hipotéticos, de diversas magnitudes e a profundidades distintas, nas costas do Chile, os cientistas calcularam a inundação que um tsunami provocaria.

Essas conclusões foram comparadas com dados relativos ao terramoto de 1730, que foi seguido de tsunami, concluindo que terá tido “uma magnitude de 9.1 a 9.3 no mar central do Chile, rompendo a entre 600 a 800 quilómetros da crosta e causando o seu desvio em entre 10 a 14 metros”.

Segundo investigadores citados pelo GeoSpace, blog da União Americana de Geofísica, o terramoto de 1730 no Chile terá causado tsunamis que provocaram danos tão extensos que chegaram ao Japão, destruindo edifícios ao longo de mais de 1.000 quilómetros, nas zonas costeiras.

E a culpa desse evento devastador terá sido da placa tectónica de Nazca, que está constantemente a convergir por baixo da placa sul-americana. “Poderosos terramotos, na América do Sul, são resultado da submersão da placa de Nazca, por baixo do continente, a grande velocidade, a cerca de 80 milímetros por ano“, frisam os investigadores.

Metropolitan Museum of Art / Wikimedia

Debaixo da Onda de Kanagawa, ilustração de Katsushika Hokusai, 1823

“Debaixo da Onda de Kanagawa”, ilustração de Katsushika Hokusai, 1823. O terramoto de 1730 no Chile terá causado tsunamis que provocaram danos tão extensos que chegaram ao Japão.

Todos os anos ocorrem terramotos causados pela acumulação de tensão tectónica nas zonas da América do Sul, Central e Norte, com as placas a roçarem umas nas outras. Essa libertação de energia provoca os tremores de terra.

Os cientistas identificaram “um padrão, de certa forma regular, de características de sismos com mais de 8 Mw, ocorrendo a cada 60 a 80 anos“.

Actualmente, a deslocação da placa de Nazca é de oito centímetros por dia, o que provoca uma brecha de cerca de 4,5 metros que será compensada a cada 70 anos, provocando assim, fortes sismos.

Uma quietude preocupante

Ora, o grande problema e motivo de preocupação é que a área de ruptura tem estado demasiado quieta desde esse grande sismo de 1730.

“Uma vez que o último terramoto da região envolveu pouco ou nenhum deslizamento a profundidades rasas, um futuro próximo terramoto, no Chile Metropolitano, pode libertar o deslizamento raso acumulado desde 1730 e assim, levar a uma forte excitação tsunami”, explica Matías Carvajal, da Escola de Ciências do Mar da Universidade Católica Pontifícia de Valparaíso, no Chile, no Journal of Geophysical Research.

“A agitação moderada de um sismo raso pode atrasar a evacuação perante um tsunami, na zona costeira mais povoada do Chile”, onde vive cerca de um milhão de pessoas, acrescenta Carvajal.

“Rupturas sísmicas rasas ocorrem perto de fossas oceânicas, onde a profundidade do oceano é, habitualmente, maior do que em qualquer outro lado. Quanto mais funda a água sob a fonte da região, maior será o tsunami“, explica ainda o investigador.

Matías Carvajal vaticina que essa futura “grande ruptura de terramoto terá uma magnitude maior do que 9, com significativo deslizamento raso no norte e um deslizamento mais profundo no sul”.

Nos últimos dias, o Chile foi abalado por diversos terramotos, nomeadamente ao longo do mês de Abril, quando um dos sismos chegou a atingir os 6.9 de magnitude, não causando danos significativos. O país sul-americano é um dos mais propensos do mundo a sofrer sismos e tsunamis.

SV, ZAP //

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2 Comments

  1. Não entendi esta notícia, como é que o próximo sismo vai ter o equivalente à energia acumulada desde o ano 1730 se houve sismos em 1960 e 2015.
    Para além disso deve haver lapso na frase ” ..deslocação da placa de Nazca é de oito centímetros por dia, …” penso que será por ano e não por dia.

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