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Cientistas criam atlas que mapeia trajetórias de icebergues e revela história do clima

Um atlas criado pela Sociedade Geológica de Londres reúne o trabalho de mais de 250 cientistas de 20 países e representa a mais abrangente perspetiva do leito marinho nas altas latitudes.

Várias imagens divulgadas no atlas parecem apenas desenhos com lápis de cera feito por crianças. Mas, na verdade, são fotos das imensas “cicatrizes” deixadas no leito marinho pelo movimento de blocos de gelo.

Os traços registam a trajetória de um icebergue à medida que o bloco de gelo foi arrastado por ventos, correntes e marés. E essa “arte glacial” faz parte de uma coleção de imagens que detalha como a ação do gelo moldou o fundo do mar nas regiões polares da Terra.

“Temos um grande número de imagens de alta resolução das marcas deixadas pela ação do gelo”, diz Kelly Hogan, uma das principais autoras do trabalho.

“Podemos ver onde é que o gelo esteve e o que fez. Isso permite que façamos comparações com o presente e ajuda-nos a entender o que pode acontecer no futuro com as camadas de gelo à medida que reagem às mudanças climáticas”.

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O atlas, que demorou quatro anos a ser produzido, contém imagens criadas a partir de sonares de navios. As diferenças de cores refletem o “eco” dos sinais em diferentes profundidades.

Uma primeira versão, lançada em 1997, tinha apenas imagens de baixa resolução. A mais recente beneficia da evolução tecnológica, que permite o mapeamento do leito marinho com uma precisão incrivelmente maior. Além de icebergues, as marcas no fundo também registam o movimento dos glaciares.

“Quando os traços dos glaciares estão próximos uns dos outros, são provavelmente registos de um evento anual, mas também podemos encontrar “cicatrizes” formadas há milhares de anos, e que estão mais espaçadas”, explica Hogan.

“Podemos datar os sedimentos para ver a rapidez com que o gelo recuou e usar as imagens para entender o que é que está a acontecer”, adianta.

Um dos pontos mais intrigantes são as formações normalmente encontradas em solo permanentemente congelado, que foram encontradas no fundo do Mar Laptev, no Ártico.

Essas formações foram criadas na superfície, mas acabaram submersas durante múltiplos ciclos de aquecimento e congelamento, há pelo menos 7 mil anos.

Este novo atlas é mais um exemplo de como os mares podem preservar algo que poderia desaparecer em terra ao ser coberto por vegetação, construções ou destruído por erosões.

ZAP // BBC

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