Uma adolescente de 17 anos foi transferida do hospital de Cascais, onde existem mais cinco casos de sarampo, para o Hospital Dona Estefânia, devido ao agravamento do seu estado de saúde. A 27 de março, foi registado o primeiro caso, quando uma criança de 13 meses infetou cinco funcionárias.
A notícia é avançada pelo Expresso, que diz que esta transferência “foi feita para aquela unidade de saúde porque é a única com quartos de pressão negativa e cuidados intensivos necessários para este tipo de situações”.
A jovem esteve igualmente no Hospital de Santa Maria, que “chegou a ter este tipo de quartos”, mas que agora encontram fechados há “seis meses por se considerar que não eram necessários”.
O Expresso refere também que para desbloquear esta vaga no Hospital Dona Estefânia, “foi acionada a Direcção-Geral da Saúde, e ainda avisado o ministro da saúde, Adalberto Campos Fernandes”.
A primeira infeção terá sido detetada numa criança de 13 meses, que não se encontrava vacinada e foi a primeira a ser diagnosticada com sarampo na cerca de uma dezena de casos recentes.
A criança entrada no hospital a 27 de março, contagiando depois cinco funcionárias que, como estavam vacinadas, tiveram a doença mas de forma mais leve.
A adolescente transferida este domingo faz parte de um novo grupo de seis casos de menores com sarampo que deram entrada no hospital de Cascais.
Teresa Fernandes, da Direcção de Serviços de Prevenção da Doença e Promoção da Saúde, disse ao Expresso que “até quarta-feira tinham sido confirmados 10 casos de sarampo na região de Lisboa e Algarve”.
Entretanto, esta segunda-feira, A Direção-Geral da Saúde (DGS) alertou para a necessidade de os pais vacinarem os filhos “sem hesitação” e revelou que desde janeiro foram notificados 23 casos de sarampo em Portugal.
Segundo a DGS, dos 23 casos notificados, 11 foram confirmados pelo Instituto Ricardo Jorge e os restantes 12 estão ainda em fase de investigação.
No início do mês, o diretor-geral da Saúde, Francisco George, frisou que existe “uma grande preocupação” com os casos de sarampo registados em Portugal, porque a doença estava eliminada do país “devido a um programa eficaz” de vacinação.
Francisco George referiu que Portugal estava avisado para o surgimento de eventuais casos de sarampo, “depois de a Organização Mundial da Saúde ter comunicado que havia esse risco, quando identificou pessoas que não vacinavam os seus filhos”.
Adianta ainda que “a vacina deve ser administrada aos doze meses de idade, com um reforço aos cinco anos”, sendo muito eficaz na proteção do sarampo.
“O nosso apelo é para que todas as crianças destas idades tenham a vacina em dia e que os pais e mães não deixem de vacinar as crianças, porque não podem dispor do destino da saúde dos seus filhos, as crianças não podem ter a sua saúde exposta a riscos, porque não têm poder de decisão”, destacou.
Francisco George alertou ainda para o perigo que o sarampo representa, “sendo uma infeções virais mais contagiosas, cuja transmissão é feita à distância, por via aérea através de gotículas ou aerossóis”.
“Uma criança que tenha sarampo, antes mesmo de surgir a expressão cutânea, ganha uma vermelhidão que designamos por exantema, são manchas que acompanham um quadro respiratório catarral, o muco nasal, expetoração e outros sintomas como os olhos pegados”, indicou.
Na opinião do diretor-geral da Saúde, são poucos os médicos, principalmente entre os mais novos, que conhecem a doença. “A vacinação do sarampo começou há cerca de 35 anos e, portanto, são poucos os médicos que conhecem o sarampo. É por isso que estamos preocupados. Estamos a falar de uma doença que tinha um diagnóstico fácil quando era frequente”, concluiu.
// Lusa