Polícia foi chamada várias vezes ao hotel que expulsou estudantes portugueses

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Hotel Pueblo Camino Real / Facebook

Hotel Pueblo Camino Real

Hotel Pueblo Camino Real

A polícia espanhola disse hoje que os 1.200 estudantes portugueses que foram expulsos de um hotel na costa sul de Espanha causaram danos de milhares de euros, e que nos últimos dois dias as autoridades tiveram de atuar várias vezes por distúrbios.

Uma fonte da polícia em Torremolinos disse à agência noticiosa EFE que nos últimos dois dias as autoridades tiveram de atuar em várias ocasiões no Hotel Pueblo Camino Real, perto da cidade de Málaga, onde estavam instalados os jovens portugueses.

A polícia diz que um grupo de cerca de 1.200 estudantes portugueses entre 14-17 anos causou estragos nos quartos na ordem dos 50 mil euros. O hotel confirmou o incidente, mas recusou-se a comentar.

No sábado, o hotel onde estava alojado um grupo de 800 estudantes portugueses do ensino secundário disse à Lusa que expulsou os jovens por danos e vandalismo verificados nos últimos dias.

“Sim, destruíram muitas coisas, temos muito prejuízo, mas só vamos falar sobre isso na segunda-feira”, disse fonte do hotel Pueblo Camino Real, em Torremolinos, que remeteu mais explicações para uma conferência de imprensa na segunda-feira.

Os estudantes portugueses do ensino secundário estavam no hotel durante uma viagem de finalistas.

O hotel localiza-se em Los Álamos, uma zona de Torremolinos, perto de Benalmádena.

Segundo o jornal espanhol El Pais, os jovens foram expulsos pela direção da estância balnear depois de terem “destruído azulejos, atirado colchões pelas janelas, esvaziado extintores nos corredores do hotel e colocaram uma televisão na banheira”, entre outros danos.

Segundo o jornal, os responsáveis fizeram queixa junto das autoridades, alegando que nunca havia acontecido “nada igual”.

Por seu turno, o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, disse no sábado à Lusa que os serviços consulares já estão a acompanhar o caso e que os estudantes “encontram-se bem”.

O secretário de Estado adiantou que a empresa que organizou a viagem “tinha seguro”, mas o hotel em questão “entende que o seguro não é suficiente para cobrir” os danos causados.

No sábado, o responsável de uma das agências que organiza as viagens dos jovens portugueses ao sul de Espanha negou que tenham havido desacatos e desmentiu a ordem de expulsão.

Nuno Dias, da agência “Slide in Travel”, disse a vários órgãos de comunicação social portugueses que “os finalistas saíram no dia em que deviam ter saído, quando completaram as seis noites de hotel”.

Pai de dois jovens diz que hotel falhou contrato

O pai de dois jovens que estiveram no hotel em Torremolinos, sul de Espanha, disse à Lusa que nenhum dos filhos viu os desacatos que têm sido relatados e que a unidade hoteleira não prestou aos estudantes portugueses o atendimento que estava contratualizado.

Segundo Adriano Vasconcelos, os dois filhos, um de 17 e outro de 19 anos, ambos finalistas da Escola Secundária da Maia, foram nesta viagem com um pacote de tudo incluído a um custo de 550 euros cada e durante a estada a unidade hoteleira Camino Real falhou quer ao nível da alimentação, quer ao nível da higiene.

Ao segundo dia fecharam o bar e, ao contrário do que dizem, os miúdos só tinham acesso a uma bebida cada, a alimentação era racionada não tendo os estudantes direito a repetir a refeição, as tolhas das casas de banho não eram trocadas, nem houve reposição de papel higiénico e muitas vezes tiveram de tomar banho de água fria”, disse.

Adriano Vasconcelos disse ainda que os pais não foram contactados por nenhuma autoridade local, que o hotel expulsou os jovens ficando com os 50 euros de caução que cada um foi obrigado a depositar no dia em que entraram, no dia 02 de abril.

Durante este período, adiantou, os jovens pediram o livro de reclamações tendo-lhes sido negado. “O dono da agência de viagens esteve no hotel a tentar resolver os incumprimentos por parte da unidade hoteleira e chamou a polícia para que os jovens pudessem ter acesso ao livro de reclamações”, disse.

Este pai disse ainda que os relatos dos filhos coincidem com os de outras dezenas de jovens da mesma escola que regressaram hoje de Torremolinos.

“Falei com vários miúdos e nenhum me relatou o que tem sido falado. Dizem-me que viram apenas uma parede pintada e um extintor com o vidro partido”, disse.

Questionado sobre o consumo de álcool, Adriano Vasconcelos explicou que o filho de 17 anos, menor, foi para a viagem com uma pulseira dourada (sem acesso ao álcool) e o de 19 anos com pulseira vermelha (acesso a álcool).

Terá sido uma dezena de jovens

Entretanto a Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP) alertou hoje as famílias para a importância de conhecerem as condições contratuais das viagens de finalistas quando assinam um termo de responsabilidade pelos filhos.

O dirigente da CONFAP alertou também para os riscos de fazer uma generalização do comportamento dos cerca de mil estudantes portugueses que regressaram a Portugal este fim-de-semana após alegados desacatos num hotel em que se encontravam em Espanha.

“Tanto quanto sabemos, terá sido uma dezena de jovens a ter comportamentos reprováveis”, afirmou Jorge Ascensão, convidando toda a sociedade a refletir sobre o modelo educativo em que assenta hoje a escola.

Na sua opinião, o modelo de educação está demasiado centrado “nas classificações e no acesso ao ensino superior”, pelo que se impõe uma discussão sobre valores e limites que os alunos devem ter quando não estão nas aulas.

Para Jorge Ascensão, os problemas noticiados quase todos os anos com viagens de finalistas são “sinais de alerta” que devem levar a uma reflexão, nomeadamente se faz sentido este tipo de organização no ensino secundário.

// Lusa

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