Uma equipa internacional de astrónomos identificou um fenómeno espacial extremamente raro que explica, acreditam, o mistério de uma explosão super-brilhante que foi apontada como a supernova mais luminosa já vista.
Esta luz extremamente brilhante, detectada no universo distante, foi identificada como ASASSN-15lh e classificada por cientistas norte-americanos como uma explosão de uma estrela massiva – seria a supernova mais brilhante já vista a partir da Terra.
No entanto, essa luz poderá ter sido afinal provocado pela desintegração de uma estrela que se aproximou demasiado de um imenso buraco negro a girar sobre si mesmo.
Esta é a explicação que a equipa científica liderada por Giorgos Leloudas, do Instituto de Ciência Weizmann, em Israel, apresenta num artigo científico publicado na Nature Astronomy.
“Observamos a fonte durante 10 meses, a seguir ao evento, e concluímos que é improvável que a explicação seja uma brilhante supernova extraordinária. Os nossos resultados indicam que o evento foi, provavelmente, causado por um buraco negro super-massivo e a girar sobre si mesmo rapidamente quando destruiu uma estrela de baixa massa“, explica Leloudas citado pelo site Science Daily.
“Esparguetificada”
A teoria é de que esta estrela de baixa-massa foi “esparguetificada”, isto é, partida em pedaços pelas potentes forças gravitacionais do buraco-negro super-massivo.
Estamos a falar de um buraco negro que terá “100 milhões de vezes a massa do Sol”, explicam os investigadores que têm por base dados de vários telescópios, incluindo o Hubble da NASA (Agência Espacial norte-americana) e os aparelhos terrestres do ESO (Observatório Europeu do Sul).
O principal investigador do ESO, Stephen Smartt, refere na BBC que um buraco negro é “a forma mais densa de matéria que conhecemos”, cuja “gravidade é tão poderosa que nem a luz consegue escapar”.
“Se se pudesse pegar em todas as pessoas da Terra e espremê-las para uma colher de chá – isso seria a densidade de uma estrela de neutrões e um buraco negro é, provavelmente, 10 vezes mais denso do que isso”, sublinha ainda Smartt.
O fenómeno descrito nesta investigação é conhecido por “evento de ruptura de marés”, algo que muito raramente se consegue observar.
Até agora, só foram assinalados 10 eventos de ruptura de marés, constata o site Space.com, onde Leloudas nota que a sua pesquisa ilustra que este tipo de fenómenos raros apresentam “uma diversidade muito maior do que aquilo que sabíamos” e que podem “alcançar luminosidades extremas”.
Todavia, Leloudas reconhece que não é possível dizer “com 100% de certeza que o evento ASASSN-15lh foi um evento de ruptura de marés”. “Mas é, de longe, a mais provável explicação”, sublinha citado no site do ESO.
SV, ZAP