Três pessoas morreram esta terça-feira na cidade venezuelana de Cumaná durante protestos pela falta de alimentos e outros produtos básicos, havendo ainda relatos de dezenas de lojas saqueadas, incluindo pelo menos duas de portugueses.
“Reportam-me três falecidos em Cumaná. A cidade está desolada e destruída por saques por comida“, disse aos jornalistas o deputado e economista José Guerra.
Residentes na localidade dão conta de que pelo menos 15 estabelecimentos comerciais foram saqueados, entre eles quatro supermercados, três padarias, dois talhos e uma farmácia.
Há também relatos de que se ouviram tiros durante as pilhagens em Cumaná, 410 quilómetros a leste de Caracas.
A situação foi controlada pela Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar), que montou pontos de controlo e colocou tanques em vários pontos da cidade.
Por outro lado, em La Vega, na zona oeste de Caracas, capital do país, a Polícia Nacional Bolivariana ordenou o encerramento de dezenas estabelecimentos comerciais, para evitar pilhagens e situações de violência.
Segundo fontes da comunidade portuguesa local, a ordem policial surgiu depois de um grupo de motociclistas ter tentado saquear um supermercado da zona.
“Ouviram-se tiros contínuos dos confrontos entre a polícia e saqueadores. A situação ficou muito tensa e tínhamos medo do que podia acontecer”, explicou uma portuguesa à agência Lusa.
Ainda na capital, dezenas de pessoas bloquearam a Avenida Sucre de Cátia (centro), enquanto em los Valles del Tuy (40 quilómetros a sudoeste da cidade) grupos de manifestantes cortaram a estrada principal, impedindo durante várias horas os acessos a Caracas.
Por outro lado, em Barquisimeto (380 quilómetros a oeste da capital), dezenas de pessoas saquearam um camião que transportava farinha de milho.
Cada vez são mais frequentes as queixas de venezuelanos pela dificuldade em conseguir produtos básicos, que quando chegam aos supermercados são vendidos sem sequer serem colocados nas prateleiras.
São também cada vez mais frequentes as longas filas nos supermercados, num país onde a inflação ronda os 200%.
/Lusa