Peça de teatro da Palmilha Dentada é uma distopia-homenagem. Encenador Ricardo Alves pensou muito nos jovens ao escrever o guião.
É preciso ter cuidado com quem passa na rua, ou com quem trabalha connosco na empresa; a qualquer momento cruzamo-mos com um agente da PIDE e nem sabemos.
O euro é a moeda em muitos países europeus mas, por cá, ainda usamos o escudo.
Angola ainda faz parte de Portugal – o petróleo vale a pena – mas os outros territórios em África já são independentes.
Ninguém calça crocs.
Para saborear uma coca-cola, é preciso ir à Galiza.
Estamos em 2024. Sim, no palco, estamos.
O 25 de Abril Nunca Aconteceu estreia nesta quinta-feira, no Teatro Carlos Alberto, no Porto.
A peça é uma distopia-homenagem.
Distopia porque simula um Portugal que ainda vive sob o Estado Novo. Simula um tanque de Salgueiro Maia a não respeitar um semáforo vermelho no dia 25 de Abril de 1974 e, por isso, a chocar com um camião de entrega de pão. E a revolução nunca foi concretizada. Nem naquele dia, nem noutro qualquer.
É homenagem porque salienta menores e menos evidentes conquistas de Abril, não tanto as grandes conquistas nacionais.
A família Freitas é protagonista num país que ficou preso ao preto e branco.
Ainda há censura, ainda há medo de falar, o pensamento é limitado. O trabalho infantil abunda, ainda há um país atrasado e fechado.
Quem não sabe e quem se esqueceu
“É um pouco comparável ao que se vive agora na Coreia do Norte”, explicou Ricardo Alves, encenador e autor do texto.
Ricardo confessou ao ZAP que pensou muito nos jovens quando escreveu esta peça. “Nós não temos noção do que foi viver antes do 25 de Abril. E queria ir para além do que está nos livros. O teatro deve levantar perguntas, houve cuidado especial nisso”.
“Nas gerações mais novas, acho que ninguém tem muito bem a noção do que foram aqueles 48 anos de ditadura. E não têm noção do que foi a alegria bêbada aquele 25 de Abril, porque de repente acreditamos que tudo é possível. Deve-se lembrar que temos a capacidade de mudar as coisas”, explicou.
E acredita que uma peça de teatro é um veículo eficaz de passar a mensagem. Até porque o teatro tem três componentes: entretenimento, informação e formação – esta última no sentido de passar valores. “A sala de aula é tão boa como uma conversa de amigos para questionarmos os que nos rodeia”.
Mas a peça também pode ser para portugueses mais velhos, que já podem estar esquecidos de como era viver durante a ditadura: “Cada vez temos menos gente que viveu o 25 de Abril. E depois, romantizar é muito fácil: um gajo, quando olha para o passado, só se lembra das coisas boas e esquece-se muitas vezes das coisas más. E há sempre o perigo de a memória ser traiçoeira. Além disso, ficamos mais deprimidos quando ficamos mais velhos – a actualidade irrita-nos e temos sempre saudades do passado”.
Eleições mudaram guião
Tem noção de que havia o “perigo em tornar a coisa demasiado ridícula”, mas ao escrever o texto salientou o “respeito que a data merece”.
Mas sempre com humor. “Porque não sei fazer mais nada”, acrescentou Ricardo Alves, entre sorrisos.
O essencial é viver em democracia, em liberdade. “A democracia tem uma coisa fabulosa que até podemos experimentar partidos fascistas e ver no que dá”.
Nesse contexto, o encenador confessou que o fim da peça não ia ser assim: a parte final do texto foi alterada por causa dos resultados das eleições legislativas do dia 10 de Março.
“É um fim alterado e mais carregado. Porque o contexto (real) mudou. É uma mensagem um bocadinho mais agreste, de alerta sobre as nossas liberdades”, anunciou.
O 25 de Abril Nunca Aconteceu é uma peça – também – para as pessoas que acreditam que o 25 de Abril nunca deveria ter acontecido? “Sim. Depois da peça dizem-me se acham se seria melhor continuarmos assim”, respondeu.
Mas Ricardo acredita que o “25 de Abril” iria sempre acontecer: “Se o regime não caísse ali, naquele dia, cairia de outra maneira; no máximo em dois anos alguma coisa ia acontecer. Estava insustentável. Todos estávamos convencidos que aquilo tinha de acontecer. Até o Marcello Caetano, creio”.
Com texto e encenação de Ricardo Alves, O 25 de Abril Nunca Aconteceu é uma peça da Palmilha Dentada, com interpretação de Beatriz Baptista, Eloy Monteiro, Ivo Bastos, Filomena Gigante, Mário Moutinho, Rodrigo Santos e Valdemar Santos.
Estreia-se nesta quinta-feira, 11 de Abril, no Teatro Carlos Alberto, onde fica em cena até ao dia 27 de Abril. Sessões às 19h de quinta-feira e sábado, às 21h de sexta e às 16h de domingo.
Se não tivesse havido o 25 de Abril Portugal teria apesar disso evoluído em poucos anos para uma democracia, porque era isso que os portugueses queriam, e os reacionários do Estado Novo já não tinham força para impedir essa evolução. Aliás o 25 de Abril nada teve a haver com democracia. Os militares que o fizeram nem sabiam o que isso era. O golpe foi exclusivamente para acabar com a guerra no Ultramar. Foram o PS e o PCP que forçaram os militares a desviarem o sentido do golpe para uma restauração da democracia, mas como bons militares que eram foram completamente embrulhados por esses dois partidos, e foi necessário o 25 de Novembro para recolocar as coisas nos eixos. Tivesse Franco Nogueira sido nomeado Presidente do Conselho em vez de Marcelo Caetano, e a democracia teria chegado num instante a Portugal, sem necessidade de qualquer 25 de Abril.
A peça é uma estória de treta Marxista. Vive de cliches esquerdistas e tenta manter uma fake alternative history.
Só envergonha quem a escreveu e quem delira com ela.
Sim. Não têm o noção do quera viver nesses tempos, mas eu tenho bem que a vivi no interior do País. E não era nenhum latifundiário e estudei à noite como o fizeram muitos. As liberdades que utilizo agora já as tinha naquela altura. E se alguém pensa que quando se juntavam 3 pessoas aparecia logo um Pide, é tudo mentira. Se alguém pensa que qualquer um podia ir parar às masmorras ad pide ao ao Tarrafal, também é tudo. A maioria do Zé Povo fazia como eu. Estava-se nas tintas para a porca da política e queriam viver, trabalhar e gozar a vida. Havia depois outros, “Vende Pátrias” à URSS que assaltavam bancos e conspiravam de toda a maneira. Estes teatrecos só servem para lavar o cérebro aos incautos. E fazem a defesa dos Paulos Raimundos e quejandos.
JMB,
A felicidade dos indiferentes é, há muito, um case study da Psicologia.
Vc. é tão indiferente, que nem leu a notícia, e por isso a deturpa. .
A sua personalidade, aqui bem definida, seria um ótimo contributo para qualquer trabalho de campo nessa area. Matéria, não lhe falta.
Ah. Já agora, lanento informar que, por muito que não queira ou lhe desagrade, o seu comentário faz parte da “porca da política”.
Meus caros
Este povo português é duma falta de cultura geral, nada de conhecimento do mundo , nada de orientação, um povo incauto, alienado, que acredita em tudo o que os governos lhes dizem. 25 de abril foi a maior página negra dum país chamado Portugal, Até hoje lamento a traição desses militares que se aproveitaram desse traidor golpe de estado. Eu vi Marcelo Caetano chorar na minha frente , no hotel Miramar no rio de janeiro. Os planos deste homem eram perfeitos. Morreu angustiado e, lamentou a covardia desses militares traidores da pátria. Eu estive preso também pela pide mas, nem eles acreditaram que estavam prendendo um apoiador do sistema português. Combati na África 6anos seguidos , mas dizia aos soldados que iria haver traição e golpe de estado em Portugal, mais dia ,menos dia. Talvez por essa razão a pode me engavetou. Provei pra eles matematicamente e assumi todo o motivo da minha certeza. Fui solto na hora, depois de discutir sem medo com eles. Afinal estávamos do mesmo lado. Resumindo: não fosse essa covardia desse golpe de estado, hoje seriamos a 5a nação mais poderosa deste planeta.!! Amen .tenho dito. Deus se esqueceu de Portugal mas , não se esquece desses traidores, que devem estar todos no lago de fogo e enxofre.