14 de Fevereiro é o pior dia num restaurante: para solteiros e gerentes (por motivos distintos)

ZAP // DALL-E-2

O cliente quer um menu que não tenha corações e rosas. O gerente gostava de ter um dia – ou dias – mais tranquilo nos bastidores.

14 de Fevereiro, ao fim da tarde.

Vai a uma loja comprar uma prenda para a prima que faz anos no sábado seguinte.

Sai da loja; já passa das 19h, se calhar é boa altura para jantar no restaurante que está no outro lado da rua.

Entra e tem que procurar a zona que não está reservada para casais naquele jantar especial. “Pois, hoje é Dia dos Namorados. Nem me lembrava”.

Só há duas mesas para pessoas que vão sozinhas.

Senta-se, já um bocado contrariado, quer escolher o prato que sempre escolhe quando vai ali. “Hoje não temos. Só temos esses menus especiais”. Aparece o gerente, que repete o recado.

Volta a olhar para a ementa e repara que a maioria das comidas existe nos outros dias todos, agora com uns extras – mas em dia especial estão com um preço especial (e não é mais baixo, de certeza).

Como lembrava o jornal Observador, são menus dedicados mas inflacionados. Há dias melhores para jantar fora.

E lá dentro?

Há dias melhores para jantar fora, para quem vai comer ao restaurante e para… quem trabalha no restaurante.

O jornal Metrópoles avisa mesmo que o Dia dos Namorados é o dia mais difícil para quem está na cozinha e para quem gere o negócio.

Planear o dia 14 de Fevereiro começa no dia 14 de Janeiro. Ou perto disso. Pensa-se nos menus, divulgam-se informações e fotografias, já se tenta convencer clientes.

Depois há a gestão, nem sempre fácil, de trazer novidades para aquela noite, mas sem haver desperdício. Ou seja, não convém inovar em tudo, porque podem haver novos ingredientes ou mesmo pratos rejeitados.

Outra preocupação, que não é exclusiva neste dia: os pratos têm que ser pensados para ficarem prontos rapidamente. Há mais gente à espera – até pode haver troca ou reforço de cozinheiros.

Um possível problema: e quando um restaurante tem poucas mesas só para duas pessoas? Há que gastar dinheiro e alugar algumas – e pensar na nova disposição da sala, sem desiludir os clientes habituais.

Em locais com frequência elevada, costuma haver um gerente extra e empregados extra, até com funções que nunca há no resto do ano (alguém que só leva os pedidos à mesa e nem tem autorização para tratar de documentação, de contas). Por vezes também há um intermediário entre cozinha e sala.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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