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Lisboa pode estar no meio de um deserto até 2100

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Eduard Gordeev / Metro Photo Challenge

"Lisboa Nebulosa", por Eduard Gordeev

“Lisboa Nebulosa”, por Eduard Gordeev

Alguns especialistas acreditam ser possível que o Sul da Península Ibérica se transforme num deserto até 2100.

Um estudo publicado na semana passada na Science sobre os efeitos do aquecimento global e da poluição no Mediterrâneo revela que Lisboa e outras cidades como Sevilha e Évora podem ficar no meio do deserto até 2100.

O estudo liderado pelo paleoclimatologista francês Joel Guiot, do Instituto francês de Pesquisa Pelo Desenvolvimento, e por Wolfgang Crame, do Centro francês de Investigação Científica, defende que, se o aquecimento global continuar ao ritmo atual, o avanço das zonas desérticas não se vai limitar ao Norte de África, mas continuar pelo Sul da Península Ibérica.

Os investigadores concluíram que, se não forem tomadas medidas de mitigação ambiciosas, as alterações climáticas vão alterar os ecossistemas no Mediterrâneo em menos de um século “de uma forma que não tem precedentes nos últimos 10 milénios”, no período conhecido no Holocénico.

A análise combina um modelo climático com um modelo para a reação da vegetação ao aumento das temperaturas, mudanças na quantidade de precipitação e concentração de gases de efeito de estufa na atmosfera.

“Os cenários de emissão de gases de efeito de estufa aos níveis acordados antes do Acordo de Paris vão provavelmente levar a uma expansão substancial dos desertos em grande parte da Europa do Sul e Norte de África”, escrevem os autores no artigo publicado na Science.

Os especialistas alertam que a desertificação é um risco não apenas para Portugal, mas para o sul de Espanha (incluindo Sevilha e Málaga), para Itália (incluindo Sicília e Sardenha) e para a Turquia.  O norte de Marrocos e da Tunísia continuam em risco de se transformar num deserto.

No pior cenário descrito pelos investigadores, o Sul da Península transforma-se num deserto, com consequências no tipo de vegetação em todo o território. Uma mudança no clima como a que se prevê pode também provocar uma migração massiva das populações de animais e de humanos, o que levaria a problemas económicos graves.

Os investigadores dizem que este cenário ainda pode ser evitado no Mediterrâneo, se não deixarmos a temperatura global aumentar 1,5ºC em relação à temperatura média na Terra antes da revolução industrial – ou seja, se forem respeitados os valores acordados em Paris, onde os líderes mundiais se comprometeram a não deixar a temperatura do planeta aumentar mais de 2ºC relativamente aos níveis pré-industriais.

ZAP

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