Donald Trump toma hoje posse como Presidente dos EUA

O multimilionário, de 70 anos, toma posse esta sexta-feira numa cerimónia pública junto ao Capitólio, em Washington, tornando-se no homem mais velho a assumir a Presidência dos Estados Unidos.

Ao meio-dia de Washington (17h00 em Lisboa), Donald Trump prestará juramento como 45.º Presidente dos Estados Unidos. Fontes oficiais anteveem que entre 800 mil a 900 mil pessoas deverão assistir à cerimónia, aos festejos associados ou participar em várias ações de protesto previstas.

A cerimónia assume o controlo da capital federal com fortes condicionamentos na circulação de pessoas, carros e transportes públicos. Cerca de 28 mil elementos das forças de segurança estão destacados.

Na quinta-feira, um porta-voz do ainda Presidente eleito adiantou que o discurso de inauguração de Donald Trump será “pessoal” e “filosófico”.

“Vai ser uma declaração muito pessoal e sincera sobre a sua visão para o país”, disse Sean Spicer, acrescentando que o novo residente da Casa Branca irá abordar “o que significa ser americano”, os desafios que enfrenta o povo americano, em particular a classe média.

“Penso que será um texto com menos de agenda política e mais filosófico, a visão que ele tem do país, o papel adequado do governo, o papel dos cidadãos”, referiu ainda.

Notícia é também a ausência de várias dezenas de congressistas democratas na cerimónia de tomada de posse, cujo início está previsto para 09h30 locais (14h30 em Lisboa).

O número tem vindo a aumentar durante a semana e, na quinta-feira à tarde, mais de 60 congressistas democratas já tinham afirmado que planeavam boicotar a cerimónia, algo inédito na história contemporânea dos Estados Unidos.

Confirmada na cerimónia está a presença tradicional de vários ex-Presidentes e das respetivas primeiras-damas: Bill Clinton e a candidata democrata Hillary Clinton, o antigo casal presidencial George W. Bush e Laura Bush e Jimmy Carter e a sua mulher Rosalynn.

“Resistência pacífica”

Ontem, milhares de pessoas desafiaram o frio, em Nova Iorque, participando numa iniciativa em que atores e políticos convocaram uma campanha de cem dias de “resistência pacífica” contra a administração de Trump.

Segundo os organizadores, participaram entre 20 mil e 25 mil pessoas, muitas das quais exibindo cartazes com mensagens em que se lia “Como meu Presidente, nunca” ou “20 de janeiro de 2017, o dia em que a democracia morreu”.

Aos atores Mark Ruffalo, Julianne Moore, Rosie Perez, Marisa Tomei ou Sally Field e ao realizador Michael Moore juntaram-se políticos e dirigentes sindicais para exigir unidade diante dos perigos que acreditam que o multimilionário representa como Presidente.

“Temos que seguir em frente – não para protestar contra Trump -, mas para proteger a nossa gente e os nossos valores”, afirmou Ruffalo. “Atravessamos um momento muito perigoso”, disse, por seu lado, Michael Moore.

A cantora Cher, de 70 anos, também aderiu à manifestação: “Vivi sob a administração de 12 Presidentes e nunca pensei que ia coincidir com este arrogante”.

O autarca de Nova Iorque, Bill de Blasio, uma figura política muito crítica com Trump, instou os participantes a iniciarem uma campanha de ação nos próximos dias em todas as cidades dos Estados Unidos.

“Amanhã não é o fim, é o começo”, disse, repetindo o apelo à “resistência pacífica” que foi promovido por Ruffalo e Moore.

“O poder do povo é maior do que o deste estúpido”, afirmou Cher.

Dados publicados nos últimos dias revelam que Trump é o Presidente eleito mais impopular em 40 anos, com apenas 40% de opiniões favoráveis.

Respeito pelos direitos humanos

Num comunicado divulgado esta sexta-feira, a Amnistia Internacional exige que o chefe de Estado “proteja os que são afetados por conflitos armados e crises, e para garantir a proteção dos defensores dos direitos humanos”.

Margaret Huang, diretora executiva da AI, escreve que o mundo está “no meio de uma crise humanitária global, com mais pessoas a fugir da violência e das perturbações do que em qualquer outra altura desde a Segunda Guerra Mundial”.

A AI já por várias vezes mostrou a sua preocupação por algumas das propostas de Trump feitas durante a campanha, nomeadamente a criação de um registo para os muçulmanos e os “ataques inflamados contra mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência, LGBT, ativistas, jornalistas e críticos”, lembra o texto.

“Dizemos ao Presidente Trump: todos os dias no escritório, qualquer escolha que faça vai definir o seu legado; pode escolher deixar o mundo um sítio melhor, ou um sítio onde o ódio, o medo e a discriminação se fortalecem”, lê-se no comunicado.

O texto divulgado deixa ainda críticas diretas a várias das escolhas para o novo executivo, desde o secretário de Estado, Rex Tillerson, ao chefe da Agência Central de Inteligência, Mike Pompeo, passando pelo secretário da Defesa, o general James Mattis ou o da Segurança Interna, general John Kelly, entre outros, que a AI considera terem tido posturas que não ajudam a defender os direitos humanos.

Amanhã, dia 21 de janeiro, está também marcada uma Marcha das Mulheres em Washington, que deverá contar com mais de 200 mil pessoas, e que vai ser apoiada por “marchas-irmãs” em mais de 30 países.

Nos EUA, já confirmaram presença várias celebridades, como Scarlett Johansson, Cher, Katy Perry, Julianne Moore, Patricia Arquette, Frances McDormand, Jessica Chastain, Debra Messing, Olivia Wilde e Amy Schumer.

Em Portugal, estão agendadas marchas em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e Faro, numa iniciativa que inclui ativistas feministas, como coletivos locais ou a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR), mas também associações ligadas a outras causas, como a Amplos, o SOS Racismo, os Precários Inflexíveis e o Coletivo Clima.

ZAP // Lusa

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