O jornal De Groene Amsterdammer publicou testemunhos de alegadas vítimas de abusos sexuais, que afirmam ter sido molestadas durante vários anos pelo ex-administrador apostólico de Díli e Nobel da Paz Ximenes Belo.
O jornal dos Países Baixos revelou ter ouvido várias vítimas e 20 pessoas com conhecimento do caso, incluindo “individualidades, membros do Governo, políticos, funcionários de organizações da sociedade civil e elementos da Igreja”.
“Mais de metade das pessoas conhece uma vítima dos abusos e outros têm conhecimento do caso. O “De Groene Amsterdammer” falou com outras vítimas que recusaram contar a sua história nos media”, escreveu no Twitter a jornalista Tjitske Lingsma, autora da reportagem.
O De Groene Amsterdammer relatou os casos de Paulo e Roberto, que foram supostamente abusados na década de 1990 e que afirmaram conhecer “outras vítimas”. De acordo com o jornal, as primeiras investigações a este alegado abuso remontam a 2002. Em novembro desse ano, Ximenes Belo renunciou ao cargo.
Breaking: For first time victims tell how they were sexually abused by Timor-Leste’s Nobel Peace Prize winner Bishop Belo. ‘We have to talk about it, shout it out louder to the world.’ The church, that imposed travel restrictions on Belo, keeps silent https://t.co/wK06P6lQXu
— Tjitske Lingsma (@tjitskelingsma) September 28, 2022
Os alegados abusos terão começado na década de 1980, ainda antes de Ximenes Belo ser nomeado bispo, quando era superior nos Salesianos de Dom Bosco. Paulo, hoje com 42 anos, alega que quando ainda era menor foi alvo de abusos sexuais na casa de Ximenes Belo, por troca de dinheiro.
No artigo, a jornalista notou que algumas das primeiras denúncias dos alegados abusos foram dadas a conhecer no início do século, embora não exista informação sobre se as denúncias foram formalizadas junto das autoridades e do Vaticano.
“Estou a sofrer de fadiga mental e física, o que requer um longo período de recuperação”, referiu Ximenes Belo num comunicado em que informava ter escrito à Santa Sé, solicitando a renúncia do cargo de Administrador Apostólico de Díli, função que exercia desde 1983.
“Tenho vindo a sofrer de esgotamento, cansaço físico e psicológico, pelo que necessito de um longo período de repouso em vista de uma recuperação total da minha saúde”, referia o comunicado, citado então pela agência Lusa. O pedido foi aceite pelo então Papa João Paulo II.
Em entrevista à agência de notícias católica UCA News, em 2004, Ximenes Belo, hoje com 74 anos, explicou que saiu do cargo em Díli para ser sacerdote assistente em Moçambique, residindo atualmente em Portugal.
Contudo, em 2020, em declarações à Lusa, um elemento superior da Igreja Católica em Díli, sob anonimato, não quis revelar se houve ou não uma demissão formal de Ximenes Belo pelo Papa. Referiu, porém, que este recebeu “instruções” para “ter um perfil baixo, não viajar, não mostrar insígnias episcopais, ter uma atitude modesta”.
Parte do silêncio sobre o Nobel da Paz deve-se, admitiu a mesma fonte, ao facto da postura do Vaticano relativamente a abusos sexuais na Igreja ter mudado com os dois últimos papas, com a adoção de uma política de “tolerância zero”.
“Houve esta progressiva consciencialização da Igreja sobre a gravidade do assunto e sobre a atitude, a reação que a Igreja deve ter para expulsar e corrigir ao máximo possível este crime dentro da igreja, especialmente dentro do clero”, afirmou a mesma fonte ao jornal.
“Isso foi particularmente assim, especialmente com o Papa Bento XVI e com o Papa Francisco. E a tolerância zero vale em todos os casos, e também em Timor”, disse.
Neste tipo de crimes, disse, independente do que possa ocorrer na legislação criminal dos vários países, para a Igreja “não há prescrição, e mesmo anos depois de investigados recebem a sanção jurídica e penal” da Santa Sé.
ZAP // Lusa
E não lhe tiram o Nobel da Paz? Imagino como se sentem as vítimas.
Estes seres deviam de ser todos ”castrados”
Tudo isto parece uma história mal contada. Jornal holandês? Certamente ligado a interesses indonésios que visam denegrir a imagem do D. Ximenes Belo, lutador pela causa timorense. E se for verdade, só os tribunais poderão avaliar a questão, não os jornais nem o cidadão comum.